Pressionado, presidente do México aumenta tom contra Trump
Enrique Peña Nieto tem sofrido críticas por ser "brando"
14:23, 12 Jan•CIDADE DO MÉXICO•
ZBF
(ANSA) - Após o presidente eleito dos
Estados Unidos, Donald Trump, reafirmar a intenção de construir
um muro na fronteira, o mexicano Enrique Peña Nieto anunciou que
seu país "não pagará" pela obra.
"É evidente que temos algumas diferenças com o próximo governo
dos Estados Unidos, como o tema do muro na fronteira com o
México, que, obviamente, não pagará isso", disse o presidente
mexicano.
Peña Nieto tem sido pressionado por opositores, analistas e
diplomatas por manter uma postura "branda" com Trump, quem, por
sua vez, já fez vários ataques a mexicanos e imigrantes durante
sua campanha eleitoral e prometeu construir o muro.
Ontem, em seu primeiro discurso oficial desde as eleições
presidenciais de novembro, nas quais derrotou a candidata
democrata Hillary Clinton, Trump reafirmou que fará a obra e que
cobrará do México, mas sem especificar em quais termos essa
cobrança ocorreria.
Em um encontro com embaixadores e diplomatas, Peña Nieto disse
também que "buscará acordos para garantir o fluxo de
investimentos" no país mesmo se os tratados comerciais com os
EUA forem revisados pela equipe de Trump.
Outra promessa eleitoral do republicano era proteger os
interesses comerciais dos EUA e alterar tratados em vigor. Ele
conversou já com montadoras para pedir que mantenham suas
operações em solo norte-americano e não se transfiram para o
México.
A Ford, por exemplo, renunciou ao projeto de construir uma nova
planta de US$ 1,6 bilhão no estado de San Luis Potosí que
poderia gerar 2.800 empregos no México.
Já o grupo Fiat-Chrysler deixou aberta a possibilidade de
retirar alguns investimentos do México se o novo governo dos EUA
alterar modelos de impostos de importação.
"Rejeitamos qualquer intenção de influenciar as decisões de
investimentos em empresas através do medo ou de ameaças",
criticou Peña Nieto, aumentando o tom contra Trump.
"Em nenhum momento, aceitaremos algo contra nossa dignidade
como país nem da nossa dignidade como mexicanos. Princípios
básicos como a soberania, o interesse nacional e a proteção dos
mexicanos não são negociáveis", acrescentou.
Sobre a ameaça de Trump de deportar 6 milhões de mexicanos
ilegais que vivem nos EUA, Peña Nieto disse que lutará para que
"qualquer repatriação seja feita de forma ordenada e coordenada,
garantindo respeito aos direitos humanos". (ANSA)