Dramático, catastrófico e sem precedentes. Estes são os termos usados para descrever o cenário em Porto Alegre, cidade de mais de 1,3 milhão de habitantes, após as chuvas e inundações que devastaram o estado do Rio Grande do Sul, importante polo industrial e agrícola do Brasil e lar de uma ampla comunidade italiana e ítalo-descendente.
Ao longo dos últimos dias, o lago Guaíba, cartão-postal da capital gaúcha, recebeu boa parte do volume de água acumulado pelos rios que atravessam o interior, provocando uma cheia recorde de 5,3 metros. O resultado é uma pujante metrópole alagada, com bairros inteiros debaixo d'água, inclusive o centro histórico. Nem mesmo o Consulado-Geral da Itália escapou da força da natureza.
"Moro há 14 anos em Porto Alegre e nunca tinha visto nada parecido acontecer aqui. A situação é muito dramática", disse à ANSA o italiano Antonio de Ruggiero, professor de história contemporânea na Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que virou abrigo para famílias desalojadas pelas enchentes.
Seu compatriota Alex Mingozzi, maior campeão de beach tennis no mundo e que reside há 10 anos na capital gaúcha, também nunca havia visto algo semelhante, com exceção das inundações que devastaram a Emilia-Romagna e deixaram quase 20 mortos na região em maio de 2023, quando ele visitava Ravenna, sua terra natal.
"Eu moro em uma área um pouco mais alta, que não foi afetada diretamente, mas a situação é muito triste e crítica. O cenário é catastrófico, você escuta helicópteros o tempo todo", afirmou Mingozzi, capitão da seleção brasileira de beach tennis.
Até o momento, o balanço provisório das inundações no Rio Grande do Sul é de 75 mortos, mais de 100 desaparecidos, quase 100 mil pessoas fora de casa e mais de meio milhão de indivíduos afetados. "Descobrimos que estamos muito vulneráveis na cidade", salientou Ruggiero. Com o aeroporto fechado por tempo indeterminado e estradas bloqueadas por deslizamentos, Porto Alegre já começa a registrar falta de produtos nos mercados, e a prefeitura pediu que a população racione o consumo de água. O mau tempo deu uma trégua, que deve durar até terça-feira (7), mas as chuvas podem voltar com força a partir de quarta (8).
"Vamos rezar para que seja uma chuva mais fraca, mas acho que será mais uma semana de enormes dificuldades. Tenho amigos ilhados que não conseguem sair de casa", ressaltou Mingozzi.
Segundo De Ruggiero, o sentimento na cidade é de "alerta máximo". "Infelizmente, o que preocupa é a repetição desses desastres, e existe uma tendência de piorar com a questão do clima", salientou o professor. (ANSA)
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