Militares incitaram militantes bolsonaristas a invadir o Palácio do Planalto e outros prédios públicos durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreu uma tentativa de golpe de Estado. Segundo o material obtido pela Polícia Federal (PF) com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgado pela TV Globo, os militares atuaram para mobilizar os ativistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
Um dos áudios é do tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, no qual ele discute a invasão às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. "Eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida e atravancar, porque, com a massa humana chegando lá, não há PM que segure. Vai atropelar a grade e invadir, e depois não tira mais", afirmou o militar, que, na época, estava lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter).
A Globo também veiculou um áudio inédito do general Mario Fernandes, que solicitou ao tenente-coronel Mauro Cid - ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro - que intercedesse para evitar ações da PF contra os manifestantes no QG do Exército.
"Se o presidente [Bolsonaro] pudesse dar um input para o Ministério da Justiça, para segurar a PF... Estou tentando agir diretamente junto às forças, mas se tu pudesse pedir para o presidente ou para o gabinete do presidente atuar...", disse Fernandes a Cid, cuja delação fundamenta boa parte da denúncia apresentada na semana passada pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.
Em 2022, quando esses áudios foram captados, Fernandes era o número dois da Secretaria-Geral da Presidência. O general está entre os denunciados pela PGR por golpe de Estado, assim como Almeida e Bolsonaro.
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