(ANSA) - Um caso de suposta espionagem contra políticos, incluindo representantes do atual governo da premiê Giorgia Meloni, jornalistas, personalidades e até estrelas do futebol veio a público no último sábado (2) e chocou a Itália.
Um inquérito aberto pelo Ministério Público de Perugia investiga Pasquale Striano, agente da Guarda de Finanças da Itália, que é acusado de suposta espionagem e acesso abusivo ao sistema de dados da instituição e divulgação de informação confidencial.
O italiano teria feito acessos não autorizados à base de dados tributários, antimáfia e de lavagem de dinheiro para obter informações sobre cinco ministros - Guido Crosetto (Defesa), Francesco Lollobrigida (Agricultura), Marina Elvira Calderone (Trabalho), Gilberto Pichetto Fratin (Ambiente) e Adolfo Urso (Desenvolvimento Econômico) -, secretários de estado e dos ex-premiês italianos Matteo Renzi e Giuseppe Conte.
A lista ainda inclui a viúva de Silvio Berlusconi, Marta Fascina; o presidente da Federação Italiana de Futebol, Gabriele Gravina; o craque Cristiano Ronaldo; o técnico Massimiliano Allegri; e o rapper Fedez.
Striano teria entrado milhares de vezes nos ficheiros sem autorização e sem quem houvesse qualquer tipo de investigação em andamento que justificasse os acessos em busca de informações sensíveis desde 2018.
A investigação teve início há cerca de um ano na sequência de uma denúncia do ministro da Defesa pela publicação de um documento sobre a sua situação fiscal em um jornal italiano.
No entanto, atualmente não há provas nos documentos de que tenham sido criados dossiês sobre as figuras institucionais, políticos ou celebridades, o que leva a acreditar que as informações foram utilizadas.
Para o líder do grupo Força Itália (FI) no Senado, Maurizio Gasparri , é necessária "uma inspeção minuciosa" da promotoria antimáfia. "Vamos falar sobre isso no Parlamento porque o assunto não pode acabar aqui", destacou.
Neste domingo (3), o procurador-chefe de Perugia, Raffaele Cantone, e o promotor nacional antimáfia, Giovanni Melillo, pediram que o caso seja reportado ao chefe de duas comissões parlamentares.
Os dois querem reportar ao presidente da comissão parlamentar antimáfia e ao chefe da comissão parlamentar para a segurança da República, bem como ao órgão autônomo do poder judicial, o CSM.
Os promotores acreditam que alguns dos dados supostamente obtidos por Striano por meio de acesso ilegal a bancos de dados foram usados para fins jornalísticos.
Na verdade, vários jornalistas estão entre as cerca de 15 pessoas sob investigação em relação ao caso. Acredita-se também que outros dados podem ter sido repassados a um investigador particular ou utilizados por Striano para fins pessoais.
O partido Liga, do vice-premiê e ministro dos Transportes, Matteo Salvini, pediu aos atuais e ex-chefes da polícia financeira e do Departamento do Procurador Nacional Antimáfia para apurarem o caso. "Estamos diante de um ataque à República e à democracia", afirmou ele.
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