Vitória de Bolsonaro reacende clamor por Battisti na Itália
Classe política voltou a se mobilizar por extradição
15:47, 29 Out•ROMA•
ZLR
(ANSA) - A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) como
presidente do Brasil repercutiu no cenário político italiano e
aumentou as expectativas no país sobre a eventual extradição de
Cesare Battisti, que hoje depende do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Além do ministro do Interior e do vice-premier Matteo Salvini,
aliados do governo italiano também celebraram o triunfo de um
candidato nacionalista. "Parabéns e bom trabalho ao novo
presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O vento identitário sopra
além das fronteiras da Europa", escreveu no Twitter o ministro
da Família Lorenzo Fontana, do partido ultranacionalista Liga,
conhecido por dizer que "famílias gays não existem" e por
defender a abolição da lei que pune propagandas nazifascistas.
Outro expoente da legenda, o senador Roberto Calderoli, afirmou
que a vitória de Bolsonaro deve "finalmente tirar qualquer
cobertura política e judiciária a Cesare Battisti e permitir
aquela legítima e sacrossanta extradição adiada por muitos
anos". "Agora o Brasil não tem mais desculpas: coloquem-no em um
avião e despachem-no à Itália", disse.
Giorgia Meloni, presidente do partido de extrema direita Irmãos
da Itália (FDI), aliado da Liga, mas que não integra o governo,
declarou que a esquerda está sendo "derrotada pela história em
todo o planeta". "Finalmente os povos estão recuperando sua
liberdade e soberania", escreveu Meloni no Facebook.
Mas houve também quem lamentasse a vitória de Bolsonaro. O
ex-primeiro-ministro e hoje deputado Paolo Gentiloni, de
centro-esquerda, disse que imagina um Brasil "maravilhoso e
democrático". "Não quero vê-lo voltar atrás ao nacionalismo
autoritário", afirmou.
Já o presidente do partido Federação Nacional dos Verdes, Angelo
Bonelli, criticou a extrema direita italiana por exultar com a
vitória de um candidato que "quer levar a Floresta Amazônica ao
chão, declara guerra aos índios, diz que a ONU é um covil de
comunistas, é contra os direitos da comunidade LGBT e é
favorável à tortura".
"O único antídoto contra a direita xenófoba e racista é a
cultura. Devemos trabalhar para uma política contra o populismo
do ódio e do medo", completou. (ANSA)