A Serra Gaúcha, no interior do Rio Grande do Sul, é povoada de empresas fundadas por italianos ou ítalo-descendentes, que são o motor da economia local e simbolizam a excelência em setores que vão do design ao vinho, e muitas delas apostam no vínculo com a Itália para se manter no caminho do sucesso.
É o caso da Florense, referência nacional e internacional em design de móveis e que promove uma série de iniciativas para ressaltar os laços com o "Belpaese", incluindo aulas de idioma e uma parceria com o renomado estúdio italiano Pininfarina.
"Nós temos uma ligação de sangue com a Itália. Para a Florense, é superimportante manter essa relação", diz o CEO da empresa, Mateus Corradi, em entrevista à ANSA.
A Florense foi fundada em 1953, em Flores da Cunha, nos arredores de Caxias do Sul, em uma época na qual o dialeto vêneto ainda era muito falado na região. A empresa surgiu como uma pequena marcenaria que prezava pelo "feito à mão", característica marcante do "made in Italy", e hoje é uma das principais marcas de design de alto padrão do Brasil, sempre tendo a Itália como referência.
"A Itália é o grande país no segmento moveleiro, o grande fabricante de design mundial. Então é uma feliz coincidência termos na nossa cultura uma conexão com um país que é referência. Para a Florense, a conexão com a Itália não vai ter fim", ressalta Corradi, que é bisneto de italianos.
Um dos símbolos dessa proximidade é a parceria com o estúdio de design Pininfarina, que já resultou na criação da cozinha "Arco" . Além disso, mais de 50% das máquinas do parque fabril da Florense são da Itália.
"A Pininfarina já assinava alguns projetos de prédios no Brasil e fez uma pesquisa de empresas brasileiras na linha de mobiliário. A gente se encontrou, e o match foi instantâneo. Temos várias ideias de colaboração, e a cozinha Arco é o primeiro produto que chegou ao mercado", explica o CEO da Florense.
A italianidade também é elemento essencial no dia a dia da empresa, que oferece cursos de italiano in company para os funcionários, promove viagens de pesquisa e negócios para o Belpaese e apoia eventos voltados à comunidade ítalo-brasileira, como festivais de cinema, música e gastronomia, publicações de livros e o Italian Design Day, realizado em março passado, em Caxias do Sul.
E isso deve se repetir em 2025, quando o Rio Grande do Sul celebrará os 150 anos da imigração italiana no estado. A Florense ainda financia a restauração de monumentos históricos, como o Campanário de Flores da Cunha e o Casarão dos Veronese, construído pelo imigrante italiano Felice Veronese no fim do século 19 e que hoje abriga um centro cultural.
"Na Florense, a gente incentiva as pessoas a falar e aprender italiano. A gente valoriza internamente as relações e fomenta tudo o que acontece dentro do nosso circulo com a Itália", aponta Corradi.
O CEO representa a terceira geração da família à frente da empresa e vê "boas perspectivas" para os próximos anos, inclusive com a meta de consolidar as exportações para os Estados Unidos, "que têm uma conexão muito forte com o Brasil", a partir da abertura de uma flagship da marca em Miami nesta semana.
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