(ANSA) - O presidente da França, François Hollande, afirmou que a eleição de Donald Trump como chefe de Estado norte-americano abre um "período de incertezas" para o mundo.
"O povo norte-americano elegeu Donald Trump. Parabenizo-o como é natural que seja entre dois chefes de Estados democráticos. Mas, essa eleição abre um período de incertezas. Deve ser enfrentado com lucidez e clareza", declarou o mandatário.
Segundo Hollande, os EUA são "parceiros de primeiro plano" e, a partir de agora, "está em jogo a paz, a situação do Oriente Médio". "Sobre todos esses temas iniciarei, sem demora, uma discussão com a nova administração norte-americana. Farei isso de maneira vigilante e sincera porque alguns pontos assumidos por Donald Trump durante a campanha devem ser confrontados com os valores e os mesmos interesses que dividimos com os Estados Unidos", acrescentou.
O francês pediu para que os "medos sejam superados", mas que os "princípios fundamentais como a democracia e o modelo social" devem ser respeitados pelo novo líder da Casa Branca.
O presidente da França já havia criticado publicamente o magnata nova-iorquino, definindo-o como um populista e apoiava, mesmo que discretamente, a candidata democrata Hillary Clinton.
Quem também ficou "contrariada" com a eleição do republicano foi a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que afirmou que a notícia da vitória dele foi uma "péssima notícia".
"O choque é brutal. É uma péssima notícia para conviver e pelo grande desafio desse século que é a luta contra as mudanças climáticas. Essas eleições são um sinal de uma profunda divisão na sociedade norte-americana, entre centros e periferias, entre aqueles que estão à vontade na globalização e aqueles que só trazem desvantagens. É um problema que deve fazer todos refletirem porque não pertence apenas aos EUA", escreveu a prefeita em seu Facebook.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, pediu que a Europa seja mais "inclusiva" após os eventos mundiais contrariarem os princípios do continente.
"Depois do Brexit, depois da eleição de Trump, a Europa não deve se dobrar. A Europa deve ser mais inclusiva e mais ativa e mais ofensiva. Não devemos abaixar a cabeça, precisamos ser mais inclusivos, não devemos nos fechar em nós mesmos. Nesse mundo de incertezas, a França e a Europa tem hoje o dever de tranquilizar", disse o chanceler à "France 2".
O embaixador da França nos Estados Unidos, Gérard Araud, postou um tuíte em que dizia que a eleição de Trump causava "o fim de uma era, a do neoliberalismo" e que "é preciso entender o que vinha depois".
"Depois do Brexit e com essa eleição, tudo é possível. O mundo caiu perante os nossos olhos. Uma vertigem", postou o embaixador que apagou a mensagem logo depois.
Extrema-direita comemora
Ao contrário dos líderes franceses mais tradicionais, o expoentes do partido de extrema-direita Frente Nacional comemorou a eleição de Trump. A presidente da sigla, Marine Le Pen, usou o Twitter para parabenizar "o novo presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o povo norte-americano, livre!".
Já o fundador do FN, Jean-Marie Le Pen, elogiou a população e a vitória do magnata. "Os norte-americanos querem Donald Trump, o 'presidente do povo'. Hoje, os Estados Unidos, amanhã a França. Bravo!", escreveu em uma mensagem no Twitter.
Mais tarde, ele voltou a comemorar. "Viva Trump! A demonização é uma porcaria e um impasse. As pessoas precisam de verdade e coragem. Parabéns, América. Foi um formidável pé na bunda para os sistemas político-midiáticos mundiais e também franceses", postou Jean-Marie (ANSA)
Vive #TRUMP ! La dédiabolisation est une foutaise et une impasse. Les peuples ont besoin de vérité et de courage. Bravo l’Amérique !
— Jean-Marie Le Pen (@lepenjm) 9 de novembro de 2016
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