(ANSA) - Uma explosão destruiu parcialmente uma importante barragem situada em uma área da Ucrânia controlada pelas forças da Rússia, colocando em risco milhares de pessoas e gerando acusações mútuas entre Kiev e Moscou.
A dinâmica exata do incidente ainda não é clara, mas a explosão abriu um enorme buraco na barragem de Kakhovka, no rio Dnipro, na província de Kherson.
No fim da manhã, diversas ruas de Nova Kakhovka, cidade mais perto da represa, já haviam sido tomadas pela água, que também pode chegar a municípios limítrofes. Centenas de pessoas já foram evacuadas.
A Ucrânia acusa a Rússia de ter explodido parte da barragem de propósito para impedir que suas tropas atravessem o rio Dnipro e definiu o episódio como "ecocídio".
"A destruição da barragem da central hidrelétrica de Kakhovka confirma para o mundo todo que os terroristas russos devem ser expulsos de cada canto do território ucraniano", disse o presidente Volodymyr Zelensky, que convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.
"Cerca de 80 povoamentos estão na zona inundada. Ordenamos a evacuação das áreas em risco e o fornecimento de água potável a todas as cidades e vilarejos que recebiam água da bacia hídrica", acrescentou.
Russian terrorists. The destruction of the Kakhovka hydroelectric power plant dam only confirms for the whole world that they must be expelled from every corner of Ukrainian land. Not a single meter should be left to them, because they use every meter for terror. It’s only… pic.twitter.com/ErBog1gRhH
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) June 6, 2023
O governo da Rússia, por sua vez, afirmou que a barragem foi "parcialmente destruída por bombardeios ucranianos" para prejudicar o abastecimento na Crimeia, enquanto o governador fantoche de Kherson, Vladimir Saldo, acusou Kiev de querer "distrair a atenção dos terríveis fracassos da dita contraofensiva".
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, definiu a explosão como um "ato ultrajante que demonstra mais uma vez a brutalidade da guerra da Rússia na Ucrânia".
Já a União Europeia chamou o ataque de "horrível e bárbaro, com terríveis consequências humanitárias e ambientais". O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, fez coro e salientou que a explosão "está provocando um desastre ecológico e agravando ainda mais a emergência humanitária".
Por sua vez, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, expressou sua solidariedade com o povo ucraniano colocado em risco pelos "danos criminosos".
"Em nome do governo italiano, expresso minha proximidade às populações ucranianas afetadas pelos danos criminosos na barragem de Nova Kakhovka. A Itália está com vocês. Nunca nos resignaremos a esse cinismo e esse horror", declarou Meloni.
Herança da era soviética, a barragem de Kakhovka foi tomada pela Rússia logo no início da guerra e fornece água para o resfriamento dos reatores na usina nuclear de Zaporizhzhia, que também está sob controle de Moscou.
Até o momento, no entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) descartou riscos imediatos para a planta.
ONU -
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) se reuniu de urgência para discutir sobre a destruição parcial de uma barragem na Ucrânia, a qual acredita que provocará "enormes consequências".
"A gravidade deste episódio será compreensível nos próximos dias, mas já está claro que terá enormes consequências para milhares de pessoas", declarou o chefe de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, no início da reunião de emergência. (ANSA)
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