que são sempre mais ou menos densos.
A descoberta publicada na revista "Science" coloca em discussão todos os atuais conhecimentos e teorias sobre a água e sobre a forma que ela é encontrada no Universo. De fato, na Terra, esse tipo de gelo não pode existir na natureza, mas nas geleiras de planetas como Júpiter e Saturno pode estar muito difundido.
"O que acho extraordinário é que um elemento como o gelo, que usamos todos os dias e que é completamente difundido na Terra e no resto do Universo, continua a revelar surpresas depois de centenas de anos de estudos", disse o pesquisador italiano e coautor do estudo, Andrea Sella, à ANSA.
"Também o gelo considerado 'normal' é, na realidade, muito estranho. Não existe um outro material sólido que pode flutuar em sua forma líquida e que pode assumir tantas estruturas diferentes assim", acrescenta.
A água congelada, de fato, não é só uma: são conhecidos ao menos 20 tipos de gelo com uma estrutura típica cristalina - quando os átomos se dispõem de maneira ordenada - e duas de tipologias amorfas - com átomos desorganizados.
Se na Terra quase toda água congelada tem a forma cristalina, a amorfa é provavelmente a forma mais comum no Universo. Mesmo assim, as duas formas amorfas conhecidas não têm densidades similares à da água líquida.
Os pesquisadores, liderados por Alexander Rosu-Finsen, conseguiram comprovar porém que existe um tipo de gelo amorfo com essas características, e que pode ser o verdadeiro estado sólido da água líquida, assim como o vidro das janelas é a forma sólida do bióxido de silício líquido.
"Na prática, é como se tivéssemos conseguido imobilizar o líquido, é como se fosse água em 'stop-motion'", pontua Sella.
Para obter a nova forma, os autores do estudo agitaram vigorosamente um recipiente resfriado em -200°C. Dentro, estava água resfriada e bolas de aço e, ao invés de terminar com gelo moído comum, o procedimento produziu uma forma totalmente nova, uma espécie de pó branco muito claro, chamado de gelo amorfo de média densidade (MDA, na sigla em inglês).
"É um gelo que só existe a -200°C, o que na Terra é impossível de encontrar, mas poderia ter um papel importante em outros planetas e sobre suas luas, onde as forças das marés existentes por conta da forte atração gravitacional podem ter efeitos também nas geleiras que cobrem as superfícies, provocando movimentos de atrito aptos a produzirem esse tipo de gelo", finalizou o italiano.
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