Um estudo publicado nesta semana apresentou evidências de que os seres humanos chegaram à América do Sul muito antes do que se imaginava e conviveram com os extintos megatérios, antepassados das preguiças que tinham quase o tamanho de um elefante.
A pesquisa foi veiculada em uma publicação de biologia da Royal Society e se baseia na análise de objetos triangulares e em forma de gota d'água feitos a partir de ossos de megatérios, concluindo que esses artefatos foram "modificados intencionalmente antes da fossilização" dos fragmentos ósseos.
"Isso fornece evidências adicionais da contemporaneidade dos humanos e da megafauna e da fabricação humana de artefatos pessoais em restos ósseos de preguiças terrestres", diz o estudo.
Esses objetos foram achados no estado do Mato Grosso há cerca de três décadas e datados entre 25 mil e 27 mil anos atrás, embora "o ceticismo sobre a ocupação humana das Américas antes de 16 mil anos atrás ainda persista".
Durante muito tempo, a teoria dominante foi de que o ser humano chegou ao continente americano por volta de 15 mil anos atrás, antes de que o crescente nível do mar cobrisse a faixa de terra que hoje é o Estreito de Bering, entre Rússia e Alasca, nos EUA.
"Agora temos boas evidências de que precisamos repensar nossas ideias sobre a migração de humanos para as Américas", disse Mírian Liza Alves Forancelli Pacheco, coautora do estudo e arqueóloga da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), citada pela agência Associates Press.
A equipe também inclui pesquisadores de Estados Unidos e França e analisou os objetos para descartar a possibilidade de que os fragmentos de ossos tenham sido alterados por seres humanos milhares de anos após a morte dos animais. "Acreditamos que eram objetos pessoais, possivelmente enfeites", explicou Thaís Rabito Pansani, paleontóloga da UFSCar. (ANSA)
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