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Violência masculina pode danificar cérebro feminino, diz estudo

Violência masculina pode danificar cérebro feminino, diz estudo

Testes em ratos revelaram alterações de comportamento

ROMA, 23 de setembro de 2024, 12:53

Redação ANSA

ANSACheck
Manifestação contra violência de gênero na Itália - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Manifestação contra violência de gênero na Itália - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Episódios repetidos de violência masculina, tanto física como psicológica, podem provocar alterações na funcionalidade do cérebro feminino, incluindo a deterioração do hipocampo, estrutura envolvida em processos cognitivos como memória e aprendizagem, bem como na regulação do humor e das emoções.
    É o que diz um estudo em ratos coordenado pela Universidade de Pádua, na Itália, e realizado em colaboração com o Conselho Nacional de Pesquisa (CNR), a Universidade Johns Hopkins, dos EUA, e outras instituições nacionais e internacionais integrantes do projeto europeu Pink.
    A pesquisa destaca como reiterados ataques violentos por parte do macho determinam no organismo feminino uma redução drástica na formação de novas células neuronais no hipocampo (e possivelmente em outras áreas do cérebro), assim como um aumento na morte de neurônios. Com o tempo, também surgem na fêmea comportamentos depressivos e de ansiedade, o que está associado a uma redução drástica em um dos subtipos de receptores do hormônio sexual estrogênio. Os experimentos revelaram uma ligação causal entre a falta desses receptores e o desenvolvimento de anomalias comportamentais.
    Além disso, descobriu-se que a violência leva à redução da proteína BNDF, fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção das células nervosas adultas, no hipocampo. Nos humanos, níveis normais de BDNF são essenciais para o controle do humor, a manutenção das habilidades cognitivas e a reação a diversas formas de estresse.
    Isso poderia explicar "por que as mulheres vítimas de violência doméstica podem desenvolver patologias psiquiátricas e neurológicas graves ao longo do tempo", afirma o autor principal do estudo, o neurocientista Jacopo Agrimi, da Universidade de Pádua.
    No entanto, "ainda falta validar as evidências obtidas no modelo experimental em seres humanos e avaliar as consequências 'estruturais' a longo prazo da violência doméstica", ressaltaram os coordenadores da pesquisa, o neurocientista Marco Dal Maschio, também da Universidade de Pádua, e o neurobiólogo Nazareno Paolocci, da Johns Hopkins.
    "Especificamente, resta explicar do ponto de vista mecanicista como a violência repetida aumenta nas mulheres o risco de contrair diversas formas de câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas", acrescentaram.
   

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