A cineasta polonesa Agnieszka Holland, que ao estrear nesta terça-feira (5) seu longa "The Green Border" no Festival de Veneza, declarou que "a Europa irá se tornar uma fortaleza contra os migrantes".
No filme, que concorre ao Leão de Ouro, a diretora apresenta a história de uma família de refugiados sírios fugindo do Estado Islâmico; um professor de inglês do Afeganistão; uma jovem policial de fronteira; e um grupo de voluntários que se arrisca diariamente.
"A Europa tem medo de desafiar a crise dos migrantes, os meios que adota não são eficazes e todos sabem que não resolverão o problema. A catástrofe climática é outro problema crescente. Imagino que o Velho Continente, no fim, vai se tornar uma fortaleza, e as pessoas serão assassinadas por nós europeus", declarou Holland.
A "fronteira verde" a que se refere o título da obra é entre a Polônia e Belarus, uma "terra de ninguém" onde migrantes são explorados, perseguidos, abandonados e jogados de um lado para o outro sem encontrar abrigo.
"A Europa está mais dividida do que nunca. A experiência da Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o perigo do totalitarismo, tudo foi dormir, sumiu, foi evacuado. Mas o perigo dessas coisas, que podem voltar a qualquer momento, não sumiu", acrescentou.
"Em um mundo polarizado, a mídia também é. Entre os poloneses há os que contam as coisas de maneira honesta, mas desde que o governo fechou o entorno da fronteira não foi mais possível documentar o que acontece ali. O governo demonstrou que, a partir do momento que ali acontecem coisas terríveis, não há interesse em mostrar as imagens", denunciou Agnieszka.
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