Há exatos 50 anos, o cinema perdia o gênio italiano Vittorio De Sica (1901-1974), pai do Neorrealismo, vencedor de quatro estatuetas do Oscar de melhor filme estrangeiro e indicado cinco vezes ao prêmio, aproximando-se do recorde de Federico Fellini.
Homenagens não faltam ao diretor de clássicos como "Ladrões de Bicicleta" (1948), "Duas Mulheres" (1960) e "O Jardim dos Finzi-Contini" (1970). A cidade de Nápoles (sua terra "verdadeira", apesar de ele ter nascido em Sora, no Lazio) lhe dedica uma rua inteira, e diversas cidades realizaram eventos comemorativos e retrospectivas.
De Sica foi um homem complexo, uma verdadeira "estrela" entre duas guerras mundiais, um diretor refinado e elegante, um pai ao estilo italiano, um ativista nas batalhas de seu tempo.
Como cineasta, influenciou diversas gerações de diretores italianos e estrangeiros ao transformar histórias do cotidiano, privadas de um herói, em óperas atemporais, como o já citado "Ladrões de Bicicleta", além de "Ontem, hoje e amanhã" (1963) e "Matrimônio à italiana" (1964).
Como ator, passou ao filho Christian todos os truques para uma boa atuação, fazendo do herdeiro um personagem muito popular na encenação.
Na vida privada, cometeu bigamia contra a esposa italiana Giuditta Rissone ao se casar no México com María Mercader. Entre uma e outra, teve um caso na Espanha, onde nasceu sua segunda filha.
Durante a Segunda Guerra, quando Roma foi tomada pelos nazistas, se recusou a fugir para o norte e inventou um roteiro para filmar novamente na Cinecittà com o apoio do Vaticano.
O filme, chamado "A Porta do Céu", não passava de um pretexto para dar refúgio a judeus e antifascistas contratados como figurantes.
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