A boxeadora argelina Imane Khelif fez um apelo contra o "bullying" que ela vem sofrendo nas Olimpíadas de Paris, na França, por conta de suspeitas infundadas disseminadas sobre sua identidade de gênero.
Semifinalista na categoria até 66 quilos, a atleta de 25 anos é alvo de ataques de políticos e personalidades de extrema direita no mundo todo, que questionam sua feminilidade e a acusam de ser transgênero e até "homem".
"Dirijo um apelo a todas as pessoas do mundo: respeitem os princípios dos Jogos Olímpicos, rechacem o bullying contra todos os atletas, porque isso pode ter consequências devastadoras.
Pode destruir as pessoas, matar a alma e a mente e dividir os povos", afirmou Khelif à emissora americana SNTV. "Minha família em casa está preocupada, falo com eles duas vezes por semana, e espero que não tenham ficado muito tristes por tudo isso", acrescentou.
A polêmica foi deflagrada antes da luta da argelina contra a italiana Angela Carini pelas oitavas de final nas Olimpíadas e ganhou corpo após a azzurra desistir do combate com menos de um minuto de luta, depois de ter levado um soco no nariz.
Políticos de alto escalão da Itália colocaram em dúvida a identificação de Khelif como mulher, e o vice-premiê e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini, chegou a chamar a argelina de "homem".
Personalidades ligadas à extrema direita, como o bilionário Elon Musk e a escritora J.K. Rowling, também saíram em defesa de Carini e acusaram Khelif de ser transgênero, enquanto o Comitê Olímpico Internacional (COI) veio a público para garantir que a argelina é mulher, assim como o pai da atleta, que até mostrou fotos da boxeadora quando era apenas uma menina.
"Ganhar a medalha de ouro seria a melhor resposta", afirmou Khelif, que enfrentará a tailandesa Janjaem Suwannapheng pelas semifinais na terça-feira (6).
A boxeadora nasceu mulher e sempre participou normalmente de campeonatos internacionais, até o ano passado, quando acabou excluída de um mundial pela Associação Internacional de Boxe (IBA) devido a um controverso "teste de gênero" que nunca foi bem explicado pela entidade.
Além disso, esse tipo de exame não é reconhecido pelo COI, que também suspendeu a IBA por escândalos administrativos e de corrupção. (ANSA)
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