(ANSA) - A Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV) está sob pressão para tomar medidas contra a Cruz Vermelha Russa (RRC) devido ao suposto envolvimento entre o grupo e a máquina de guerra do regime de Vladimir Putin e a propaganda do Kremlin.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (12) pelo jornal "The Guardian" em uma publicação baseada em vários documentos saídos do Kremlin e compartilhados com um consórcio de meios de comunicação.
As evidências incluem o papel central do presidente da RRC numa organização "patriótica" pró-Putin, altos funcionários da Cruz Vermelha da Rússia falando da impossibilidade de paz com os "nazis ucranianos" e a participação do entidade no treino militar para crianças.
Além disso, destaca o plano do Kremlin de substituir o trabalho da Cruz Vermelha internacional no território ocupado pela Rússia na Ucrânia por "organizações fantoche" da Cruz Vermelha.
A principal ligação apontada entre o Kremlin e a RRC é o chefe da organização, Pavel Savchuk, que era membro do quadro central da Frente Popular Pan-Russa (ONF), criada por Putin e que detém a marca "Z", o símbolo da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, por sua vez, afirmou que Savchuk não atua na ONF desde março de 2022 e não é mais membro da organização. No entanto, os documentos mostram que ainda em janeiro passado ele assinou um memorando entre a RRC e o Artek, um acampamento infantil na Crimeia que foi alvo de sanções do Ocidente pelo seu envolvimento na "reeducação patriótica" de crianças ucranianas raptadas.
As provas também mostram a participação da RRC no treino militar para crianças e jovens russos, onde menores a partir dos oito anos aprendem a usar armas. Nas imagens é possível ver funcionários com coletes da Cruz Vermelha.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA considerou as revelações dos documentos vazados do Kremlin como "extremamente preocupantes" e disse que tem estado em contato com a FICV.
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