O empresário italiano Marco Di Nunzio, que afirma estar entre os herdeiros do ex-premiê Silvio Berlusconi devido a um suposto testamento assinado na Colômbia há pouco mais de dois anos, foi detido nesta quinta-feira (23) por ordem das autoridades do país sul-americano.
Com a detenção, os procuradores de Milão Marcello Viola e Roberta Amadeo encerram as investigações em relação ao pedido de julgamento contra o homem de 55 anos por falsificação de testamento e tentativa de extorsão contra os filhos de Berlusconi.
Di Nunzio publicou um testamento no qual afirmava que, perante um tabelião em Cartagena, Berlusconi teria deixado a ele 2% da Fininvest, um valor de 26 milhões de euros e todas as ações da empresa que é proprietária de uma mansão na Antígua e Barbuda e de embarcações que pertenciam ao "Cavaliere", morto em 12 de junho de 2023.
Após a tentativa fracassada de publicar o documento em Milão, o empresário de 55 anos conseguiu fazer isso com sucesso em um cartório de Nápoles no início de outubro passado, mas os investigadores sempre acreditaram que a papelada foi falsificada.
Depois da prisão de Di Nunzio em Cartagena, a Procuradoria de Milão notificou-o, através da embaixada italiana na Colômbia, com a qual os investigadores mantinham estreita colaboração, sobre a conclusão da investigação.
Graças à troca de informações, Di Nunzio também foi preso pelas autoridades judiciais colombianas por outras supostas falsificações cometidas naquele país, incluindo a do testamento, também relatada por um notário de Cartagena.
A investigação revelou que o homem de 55 anos teria formado três testamentos holográficos falsos diferentes, assinados em 21 de setembro de 2021 em um cartório local, com os quais herdaria "liquidez, ações de empresas, barcos e edifícios". No entanto, apenas conseguiu validar o último, cuja assinatura falsificada era inconsistente.
O testamento foi depositado em um notário em Nápoles e, logo depois, os cinco filhos de Berlusconi o denunciaram. Na sequência, Di Nunzio ameaçou divulgar uma documentação misteriosa sobre Berlusconi e abrir um processo para obter a herança, a menos que os herdeiros lhe fornecessem uma quantia de "acordo e anulação", o que lhe acarretou o indiciamento também por tentativa de extorsão.
Nas investigações, conduzidas pela Guarda de Finanças da Itália, houve apreensões do notário, audição de textos, incluindo de Marta Fascina, para reconstruir onde Berlusconi estava no dia da assinatura do testamento "colombiano", uma carta rogatória internacional para adquirir as declarações do notário colombiano, o certificador das traduções dos testamentos e a aquisição de uma cópia dos documentos do processo civil.
Segundo o inquérito, Berlusconi não estava na Colômbia no final de setembro, data da assinatura do testamento, mas em Arcore.
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