(ANSA) - O papa Francisco afirmou neste sábado (8) que as recorrentes mortes de migrantes no Mar Mediterrâneo são uma "vergonha" para uma sociedade que "não sabe mais chorar".
"A declaração está em uma carta enviada ao arcebispo da arquidiocese italiana de Agrigento, Alessandro Damiano, por ocasião dos 10 anos da visita do pontífice à ilha de Lampedusa, porta de entrada para migrantes forçados na União Europeia e palco de inúmeros naufrágios de barcos clandestinos.
"A morte de inocentes, principalmente crianças, em busca de uma existência mais serena, distante de guerras e violências, é um grito doloroso e ensurdecedor que não pode nos deixar indiferentes", disse o Papa em sua mensagem.
"É a vergonha de uma sociedade que não sabe mais chorar e ter pena do outro", acrescentou. Segundo Francisco, é preciso "mudar a abordagem" e reconhecer que "o irmão que bate na porta é digno de amor, acolhimento e consideração". "É um irmão que, como eu, foi colocado na terra para aproveitar aquilo que existe nela e compartilhá-lo em comunhão", ressaltou Jorge Bergoglio.
O Papa encerra a mensagem com um apelo para que as pessoas "não fiquem aprisionadas no medo".
Lampedusa se tornou porta de entrada para migrantes forçados na UE por sua proximidade em relação ao norte da África - a ilha fica mais perto da Tunísia do que da Península Itálica.
Segundo o Ministério do Interior da Itália, o país já recebeu 69 mil deslocados internacionais via Mediterrâneo em 2023, alta de 123% em relação ao mesmo período do ano passado. (ANSA)
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