Um "Cruzeiro das Raízes", de Gênova a Santos, para reconstituir, 150 anos depois, a viagem que marcou o início da imigração italiana para o Brasil. Em 21 de fevereiro de 1874, o vapor "La Sofia" partiu com 386 trabalhadores italianos e suas famílias a bordo, uma data que hoje é chamada de "Dia Nacional do Imigrante Italiano".
Desta vez, a viagem, a bordo do "Costa Diadema", que partirá no dia 30 de novembro da capital da Ligúria e chegará a Santos no dia 21 de dezembro, será decididamente mais confortável, mas estão previstas 150 atividades a bordo, como os 150 anos, das cinco mostras a eventos gastronômicos, de dança, cultura e esporte para contar, também com cursos de italiano, a história de quem empreendeu essa jornada há muitos anos e os vínculos que ainda hoje são relevantes.
"Hoje, o Brasil tem cerca de 30 milhões de descendentes de italianos, a maioria concentrados no estado de São Paulo e Rio Grande do Sul. Santos representou a porta de entrada desses milhões de italianos que, desde o final do século 19 até 1960, continuaram a emigrar em direção ao Brasil", destaca Fabio Niosi, coordenador cultural do "Cruzeiro de Raízes", por ocasião da apresentação no Galata Museo del Mare.
Niosi, cujos ancestrais foram para a América, mora hoje com sua esposa brasileira em Santos, onde forma enfermeiras para trabalharem na Itália.
A viagem no Costa Diadema encerra as comemorações dos 150 anos do início da imigração italiana para o Brasil e é uma reconstituição da dos imigrantes. O cruzeiro fará escalas em Barcelona, Salvador, na Bahia, e Rio de Janeiro.
No total, 40% dos passageiros reservados são brasileiros e 10% italianos, demonstrando o interesse pelo turismo de raiz.
"O Brasil é hoje o país do mundo que abriga a maior comunidade de descendentes de italianos. São quase 700 mil italianos com cidadania e cidades enormes, como São Paulo, possuem mais de 4 milhões de descendentes de italianos em mais de 20 milhões de habitantes", reiterou Fabio Porta, eleito pela comunidade italiana na América do Sul e presidente da Associação de Amizade Itália-Brasil.
"Um potencial extraordinário, até porque por trás destes números está a qualidade, há também empresários, artistas, músicos, a italianidade permeou todos os setores", acrescentou Porta, enfatizando que é "valorizado com o turismo, o comércio, as relações acadêmicas e industriais".
O cruzeiro "quer ser uma história do que enfrentaram os nossos migrantes com navios muito menos confortáveis para irem para uma terra de esperança", afirma Paolo Masini, presidente da Fundação Museu Nacional da Emigração Italiana (Mei), lembrando que entre os italianos que chegaram ao Brasil, saindo apenas com uma mala de esperanças, alguém se tornou "rei" do panetone ou rei dos cadeados, como conta uma das exposições que serão montadas a bordo.
O cruzeiro chega depois da geminação entre Gênova e Santos ocorrida em março, justamente por ocasião dos 150 anos da imigração italiana para o Brasil, como lembrou o vice-prefeito de Gênova, Pietro Piciocchi. "Foi o início de uma troca de relações interessantes que estamos levando em frente na cultura, no turismo e em outros setores econômicos".
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