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IA coloca mundo 'na véspera de nova era', diz Filippo Di Cesare

IA coloca mundo 'na véspera de nova era', diz Filippo Di Cesare

Segundo CEO Latam da Engineering, homem e máquinas agirão juntos

SÃO PAULO, 25 de novembro de 2024, 17:33

Redação ANSA

ANSACheck
Filippo Di Cesare, CEO Latam do Grupo Engineering © ANSA/Divulgação

Filippo Di Cesare, CEO Latam do Grupo Engineering © ANSA/Divulgação

O desenvolvimento da inteligência artificial (IA) colocou a sociedade "na véspera de uma nova era", com um crescimento "gigante" da produtividade graças ao uso de máquinas, porém a tecnologia não conseguirá substituir a capacidade inata do ser humano de quebrar paradigmas e formular teorias capazes de revolucionar nosso entendimento do mundo.
    A avaliação é de Filippo Di Cesare, CEO Latam do grupo italiano de transformação digital Engineering, em uma entrevista à ANSA sobre os impactos do avanço da IA e a necessidade de se preparar para a sociedade do amanhã.
    "Hoje os governantes estão muito mais preocupados em regular o uso e a transparência da IA. Acho isso fundamental, porque a IA vai atuar e tomar decisões, mas quando a pauta principal é essa, estamos vendo só um pedacinho", diz o executivo.
    Considerado um dos grandes especialistas do Brasil em transformação digital, Di Cesare acredita que o mundo está entrando no chamado "transumanismo", ou seja, uma sociedade na qual o ser humano pode superar os próprios limites biológicos para suprir eventuais deficiências e potencializar habilidades.
    Em contrapartida, ele não crê em uma sociedade "pós-humanista", na qual o ser humano é superado pelo computador. "Homens e máquinas vão conviver superbem, mas acho que tudo o que o homem faz de determinístico e de mecânico será afetado. A produtividade vai crescer de uma forma gigante, e o aumento da população mundial não vai acompanhar", explica.
    Se, por um lado, as máquinas estão na "esfera determinista" e são "totalmente reproduzíveis", o ser humano é "único e irreproduzível", com livre-arbítrio e capacidade de intuição para quebrar paradigmas e criar teorias que virem o que havia antes "de cabeça para baixo".
    Uma inteligência artificial, por exemplo, jamais saberá o sabor de uma cereja, ainda que consiga descrevê-lo, nem será capaz de compreender o sentimento de ansiedade. "Hoje o que temos são máquinas com um conhecimento gigantesco e que podem gerar hipóteses coerentes com o que existe hoje, mas falta a intuição", explica o italiano.
    Ainda assim, a mudança será grande o suficiente para falar em uma nova era. Durante milhares de anos o ser humano se desenvolveu em ambientes lentos e previsíveis, com dados escassos, mas há décadas é bombardeado por informações em velocidade cada vez maior e por tecnologias que mexem de forma profunda com a organização da sociedade.
    "É evidente que isso cria um desnorteamento e uma desconfiança, e a adoção de uma nova tecnologia sempre passa pela confiança", diz o CEO da Engineering na América Latina, que ainda lista barreiras tecnológicas, culturais e até éticas para o desenvolvimento da IA. Mas é questão de tempo para que muitas delas fiquem pelo caminho.
    "Haverá grandes desafios onde homens e máquinas vão construir juntos, mas os governantes e organismos supranacionais precisam pensar a sociedade de amanhã porque o mundo será muito diferente, e não apenas em regular a inteligência artificial", afirma.
   

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