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Brasil é nova fronteira para créditos de carbono

Brasil é nova fronteira para créditos de carbono

Mercado pode chegar a US$72 bilhões até 2030

SÃO PAULO, 26 outubro 2022, 08:42

Redação ANSA

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Brasil é nova fronteira para créditos de carbono - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O Brasil se candidata a líder no mercado de créditos de carbono e corre para adquirir da floresta na Amazônia, uma oportunidade que algumas empresas italianas olham com interesse, e uma ocasião para salvaguardar o pulmão verde do mundo, segundo o "Mecanismo de Desenvolvimento Limpo" introduzido pelo Protocolo de Kyoto.

O mercado em crescimento no Brasil, que pode valer até US$ 72 bilhões até 2030, de acordo com dados da ONG norte-americana Environmental Defense Fund.

Para o embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello, enquanto aguarda a gigante brasileira "aprovar a lei que rege o mercado regulado de créditos de carbono no modelo europeu, as empresas ainda podem recorrer ao mercado voluntário comprando terras para certificar a emissão dos créditos das companhias internacionais e colocando-os no mercado".

Segundo o diplomata, "o Brasil é candidato a se tornar um dos mais importantes países exportadores do mundo de créditos" nesse mercado. "E já existe um interesse empresarial italiano concreto, ainda que eu tenha a impressão de que as oportunidades não são bem conhecidas de todos".

De acordo com o relatório "State and Trends of Carbon Pricing 2022", do Banco Mundial, em 2021 este mercado global atingiu um valor recorde de US$84 bilhões, um aumento de 60% em relação a 2020. Um crescimento exponencial que aparece ainda mais evidente com referência ao Brasil, onde o volume de créditos de carbono voluntários, gerados em 2021, aumentou 236% em 2020, e 779% em 2019.

Um aumento que levou a gigante sul-americana a alcançar o quarto lugar no mundo. Uma tendência que ainda se vê crescente, já que o país está caminhando para adotar leis regulatórias para estimular ainda mais o desenvolvimento.

Atualmente, o principal mercado regulatório de crédito de carbono é o introduzido na União Europeia, no Reino Unido, Islândia, Liechtenstein e Noruega, através do sistema "Emissions trading system" (Eu-Ets), para um volume de negócios - com referência aos leilões realizados entre 2012 e junho de 2020 (últimos dados disponíveis) - que ultrapassou os 57 bilhões de euros.

Em 2019, as receitas totais geradas ultrapassaram 14 bilhões, enquanto no primeiro semestre de 2020 chegaram a 7,9 bilhões. E, além do sistema europeu, sistemas já estão em operação ou em desenvolvimento no Canadá, China, Japão, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Suíça e Estados Unidos.

"As intervenções regulatórias recentes são inovadoras. Estima-se que o Brasil possa se tornar o maior exportador mundial de créditos de carbono e vários investidores institucionais e privados já estão investindo em terras e florestas com o único propósito de preservá-las. Para se ter uma ideia de valor deste mercado, um estudo da McKinsey estima que até 2030 a demanda por crédito voluntário pode subir de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,3 bilhões. E para dar uma visão ainda mais incisiva, a previsão é que o potencial efeito compensatório do Brasil possa valer sozinho 15%, contra 5% da China e Rússia juntos", indica Graziano Messana, presidente da Câmara Ítalo-Brasileira do Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo.

De acordo com os últimos dados disponíveis, o mercado brasileiro de crédito voluntário conta atualmente com 159 projetos. Destes, 80% estão cadastrados e já geraram créditos. Entre as empresas líderes do setor está a Carbon Next, que administra sozinha 2 milhões de hectares na Amazônia - empresa na qual a Shell investiu recentemente US$ 40 milhões.
   

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