A Noruega anunciou nesta segunda-feira (31) que retomará o envio de subsídios de proteção da Amazônia ao Brasil, que havia sido interrompido durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.
"Em relação a Lula, nós observamos que durante a campanha ele enfatizou a preservação da Floresta Amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia", disse à AFP o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide.
"É por isso que estamos ansiosos para entrar em contato com suas equipes, o mais rápido possível, para nos preparar para a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega", acrescentou.
A Noruega foi a maior doadora do Fundo Amazônia para Conservação Florestal e Proteção Climática, considerada uma das principais ferramentas para reduzir o desmatamento na maior floresta tropical do planeta.
Mas, assim como o outro principal doador do fundo, a Alemanha, a Noruega interrompeu sua ajuda ao Brasil em 2019, depois que Bolsonaro assumiu o poder. O ministro do Meio Ambiente da Noruega descreveu uma "colisão frontal com Bolsonaro, cuja abordagem era diametralmente oposta quando se tratava de desmatamento".
Sob o líder de extrema-direita - que ainda não reconheceu a derrota - o desmatamento da Amazônia acelerou em 70%, um nível que Barth Eide descreveu como "escandaloso".
Desde a criação do fundo em 2008, o país escandinavo contribuiu com US$ 1,2 bilhão para a iniciativa. Mas, de acordo com dados fornecidos pelo governo norueguês, US$ 641 milhões de ajuda não utilizada ainda estavam esperando para serem desembolsados no fundo.
"É dinheiro que pode ser desembolsado rapidamente e que está disponível para financiar projetos concretos, mas tem que haver um governo do outro lado", ressaltou Barth Eide.
Com um vasto refúgio de biodiversidade e um valioso "sumidouro de carbono", a Amazônia agora emite mais CO2 do que absorve e reduzir o desmatamento é uma das soluções apresentadas pelo Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, em linha com as metas do Acordo de Paris.
Em seu primeiro discurso após a vitória eleitoral, Lula, que liderou o Brasil entre 2003 e 2011, disse que o Brasil estava "pronto para recuperar seu lugar na luta contra a crise climática, especialmente a Amazônia", e prometeu "lutar pelo desmatamento zero".
Elle Hestnes Ribeiro, do programa brasileiro da Rainforest Foundation Norway, disse à AFP que acredita que Lula tem "muito boas intenções para a floresta amazônica". "Mas ele enfrenta uma situação política no Brasil que tornará seu trabalho desafiador". "Ele ficará, portanto, dependente da ajuda internacional, e o Fundo Amazônia é essencial para isso", enfatizou ela.
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