(ANSA) - Um pequeno invertebrado marinho que habita a Lagoa de Veneza pode dar um novo impulso às pesquisas sobre as doenças de Parkinson e Alzheimer.
Trata-se da ascídia, que é dotada de um gânglio cerebral rudimentar composto por pouco menos de mil neurônios que envelhecem como os dos seres humanos.
Segundo um estudo publicado na revista Cells e coordenado por Lucia Manni, bióloga da Universidade de Pádua, no norte da Itália, esse invertebrado "sofre naturalmente a neurodegeneração em maneiras que podem ajudar as pesquisas em humanos a identificar estratégias ou medicamentos para conter doenças neurodegenerativas graves".
"Os neurônios da ascídia sofrem diversos tipos de morte celular, assim como acontece nas doenças neurodegenerativas humanas. Além disso, genes envolvidos nessas patologias se expressam nas várias fases do ciclo vital da ascídia, em prazos que se assemelham muito à progressão das doenças nos humanos", explicou Manni.
Segundo a cientista, genes típicos de desordens como Alzheimer e Parkinson "se expressam na ascídia em períodos que remetem nos humanos à passagem da doença de uma fase de degeneração pré-clínica para o surgimento de síndromes específicas".
"Esses resultados podem abrir cenários inéditos seja para a identificação de um denominador mínimo comum entre patologias humanas muito diferentes entre si, seja para o uso de novos métodos de estimulação elétrica cerebral não invasiva para a prevenção e cura da neurodegeneração", explicou Alberto Priori, neurologista da Universidade Estatal de Milão e coautor do estudo.
Os cientistas usaram microscopia eletrônica e análises de expressão gênica para estudar a ascídia, espécie muito simples que vive e se reproduz em baixas profundidades de zonas quentes e ricas em nutrientes no Mar Adriático, como a Lagoa de Veneza. (ANSA)
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