(ANSA) - O telescópio espacial James Webb identificou as mais antigas moléculas de carbono já detectadas, em galáxias surgidas menos de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
As moléculas foram descobertas em um estudo guiado por Joris Witstok, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e publicado pela revista Nature, com colaboração do astrofísico italiano Stefano Carniani, da Escola Normal Superior de Pisa.
"Com esses novos dados do telescópio espacial Webb, obtivemos uma imagem de como era nosso universo poucas centenas de milhões de anos após o Big Bang. Parece muito, mas, considerando que o universo tem cerca de 14 bilhões de anos, quer dizer que estamos observando sua primeira fase evolutiva", disse Carniani à ANSA.
Em uma dessas galáxias primordiais, menores e mais densas que a nossa Via Láctea, os pesquisadores detectaram poeira composta por átomos de carbono. Esse elemento não existia no surgimento do universo, que era composto no início por hidrogênio e, em menor escala, hélio, os mais leves da tabela periódica.
Dessa forma, a presença de carbono algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang implica a conclusão de pelo menos um ciclo de vida de estrelas, que fundem hidrogênio e hélio em elementos mais pesados dentro de seus núcleos e depois espalham essas substâncias pelo cosmos no fim de suas existências.
"Não se trata simplesmente de traços de carbono, mas de moléculas complexas formadas também por carbono. Para completar esses processos, é necessário tempo, ainda mais para que o carbono produzido [nas estrelas] esteja nas condições de se unir a outros átomos e formar moléculas", acrescentou Carniani.
Segundo o astrofísico italiano, a descoberta de moléculas de carbono tão antigas leva os atuais modelos sobre a evolução do universo "até o limite", mas eles ainda são capazes de explicar a presença de elementos mais pesados nessa fase do cosmos.
"Agora o novo objetivo é procurar eventuais traços de carbono em galáxias ainda mais jovens", disse o pesquisador. (ANSA)
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