O filme "Il Signore delle Formiche", do cineasta italiano Gianni Amelio, estreou nesta terça-feira (6) na 79ª edição do Festival de Cinema de Veneza e foi aplaudido por 11 minutos.
A obra é uma das cinco italianas que estão na disputa pelo Leão de Ouro, cujo vencedor será anunciado no próximo dia 10 de setembro, e deixou o público em êxtase na Sala Grande.
Os atores Luigi Lo Cascio, Elio Germano, o estreante Leonardo Maltese e Sara Serraiocco também se emocionaram com os aplausos, assim como Amelio, que chorou por muito tempo na frente da plateia do Palazzo del Cinema.
Ambientado no final da década de 1960, "Il Signore delle Formiche" reconstrói a história do dramaturgo e poeta homossexual Aldo Braibanti, condenado a nove anos de prisão por ter "subjulgado" um de seus alunos, que a mando da própria família acabou sendo internado em um hospital psiquiátrico e sofrendo uma série de choques elétricos devastadores para "curar-se" da influência "diabólica".
"A produção é uma grande história de amor gay. Eu amo esse filme", declarou Amelio, que assumiu ser homossexual em 2014, durante a apresentação de seu documentário "Feliz por ser diferente".
"Luigi Lo Cascio interpreta Braibanti, que eu certamente não quero santificar. Ele não busca simpatia, ele é arrogante, ele não é empático, mas a história que este filme conta narra muito sobre uma época em que os homossexuais foram 'revertidos pela cura', como também me disseram na Calábria quando eu tinha 16 anos, algo que no dialeto calabrês faço um personagem do filme dizer", explica Amelio.
Segundo o cineasta italiano, a história do filme leva as pessoas de volta ao tempo, tirando do esquecimento um caso sensacional, a perseguição de um intelectual e seu parceiro por motivos sexuais". "Incrivelmente, tudo parece muito próximo de nós. Na campanha eleitoral, uma candidata - Giorgia Meloni - disse estar satisfeita com as uniões civis, pena que no mesmo dia foi filmado o vídeo de uma mulher chamando a polícia por ter visto dois homossexuais se beijando", lembrou.
Amelio ressaltou que ainda hoje "a homossexualidade é considerada um desvio que pode incomodar as crianças, e infelizmente a mentalidade é confundir com pedofilia que é o pior crime possível enquanto homossexualidade é amor".
"Espero muito que 'Il Signore delle Formiche' dê coragem a quem não pode ter. Gostaria que fosse um filme otimista, apesar de falar de uma das páginas mais sombrias da justiça italiana". (ANSA)
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