Um relatório da Comissão Parlamentar Antimáfia da Itália indicou que o homicídio do cineasta Pier Paolo Pasolini, ocorrido em 1975, pode estar ligado ao furto das versões originais de algumas cenas do seu filme "Salò ou os 120 Dias de Sodoma", que ainda estava em produção e foi lançado poucas semanas depois do crime.
De acordo com o relatório final do comitê, divulgado nesta sexta-feira (16), Pasolini havia viajado a Ostia, no litoral de Roma e local de sua morte, justamente para tentar recuperar as gravações.
A Comissão Parlamentar Antimáfia ainda diz que essa hipótese teria tido o envolvimento de "grupos criminosos de destaque", como a Banda della Magliana, organização já extinta e que mantinha laços com a máfia e a extrema direita italiana.
"Soluções judiciais parecem agora improváveis, mas ainda é útil, sob a perspectiva histórica, que as buscas pelas motivações e modalidades das agressões que causaram a morte de Pasolini, ambas jamais esclarecidas, sejam eventualmente retomadas", afirma o comitê, acrescentando que suas suspeitas ainda são "embrionárias".
O único condenado pelo assassinato de Pasolini foi o ex-garoto de programa Giuseppe "Pino" Pelosi, morto de doença em julho de 2017.
Menor de idade na época do crime, Pelosi disse inicialmente que matou o cineasta durante um encontro sexual frustrado, porém ele mudaria sua versão décadas mais tarde, afirmando que o intelectual foi assassinado por outras três pessoas.
No entanto, Pelosi nunca deu nenhuma pista que permitisse a identificação dos supostos autores. Até hoje, a família de Pasolini acredita que o cineasta, um comunista convicto, tenha sido morto em função de motivos políticos. (ANSA)
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