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Secas podem ter feito Átila atacar Império Romano, diz estudo

Secas podem ter feito Átila atacar Império Romano, diz estudo

Análise de clima foi realizada por universidade britânica

MILÃO, 20 dezembro 2022, 14:08

Redação ANSA

ANSACheck

Átila teria atacado Império Romano por conta de graves secas que ocorriam na Europa © ANSA/WikimediaCommons

Podem ter sido períodos de secas intensas que fizeram com que Átila, o Huno, fizesse ataques contra o Império Romano e não sua "insaciável fome de ouro", aponta um novo estudo divulgado pelo "Journal of Roman Archaeology".

A análise foi feita por um grupo de especialistas da Universidade de Cambridge com base em uma pesquisa que analisou o clima do século 5 na Europa e na Ásia.

Conforme os dados indicam, a região da atual Hungria viveu verões muito secos entre os séculos 4 e 5 e, em particular, um período de estiagem intensa entre 420 d.C. e 450 d.C., que teria reduzido as colheitas e as pastagens das planícies alagáveis do Danúbio e do Tisza.

"Os anéis das árvores nos oferecem uma extraordinária oportunidade para ligar as condições climáticas às atividades humanas ano após ano. Nós descobrimos que os períodos de seca registrados nos sinais bioquímicos nos anéis das árvores coincidiram com uma intensificação das atividades de incursão na região", ressalta o especialista do Departamento de Geografia de Cambridge, Ulf Buntgen.

Os ataques dos hunos mais devastadores teriam ocorrido, justamente, nos períodos mais graves da estiagem: em 447, 451 e 452.

No primeiro, houve uma ampla operação militar nos mares Negro e Mediterrâneo e a tentativa de conquista de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia). Em 451, Átila e seus comandados invadiram a Gália, onde ficava a sede do governo do Império Romano do Ocidente. Já no ano seguinte, a invasão dos hunos foi no atual território da Itália, quando o Império estava próximo de seu fim. Átila morreria em 453 d.C..

Ainda de acordo com os pesquisadores, essas constantes secas fizeram com que os hunos deixassem a agricultura fixa para passar para uma forma nômade de viver e cultivar alimentos. E essa mudança também deixou marcas físicas: na análise das arcadas dentárias de esqueletos dos hunos, é possível perceber uma mudança na alimentação, provavelmente, por conta da necessidade de adaptação para comer o tipo de alimento que estivesse disponível.

Além disso, os especialistas destacam que essa questão também provocou uma mudança social, com a transformação dos hunos donos de terra para uma grupo de saqueadores.
   

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