(ANSA) - Após mais de 200 anos, a cidade de Perúgia , no centro da Itália, vai rever, ainda que temporariamente, uma obra-prima de Perugino (1446-1523) que foi levada para a França por tropas napoleônicas em 1797.
O painel "Sposalizio della Vergine" ("Casamento da Virgem") foi pintado entre 1501 e 1504, quando o mestre renascentista estava em seu auge, e será a "joia da coroa" em uma exposição na Galeria Nacional da Úmbria pelos 500 anos da morte do artista.
Chamada "Il meglio maestro d'Italia" ("O melhor mestre da Itália"), a mostra fica em cartaz de 4 de março a 11 de junho e reunirá cerca de 70 obras emprestadas por museus de renome da Itália e do exterior, como o Louvre, de Paris, os Uffizi, de Florença, e as galerias nacionais de Washington e Londres.
A pintura de Perugino foi confiscada com base no Tratado de Tolentino, acordo imposto por Napoleão Bonaparte aos Estados Pontifícios e que permitiu a tomada de dezenas de obras de arte italianas.
O painel viajou durante meses puxado por um carro de boi e protegido somente por uma coberta e chegou em Paris apenas em 1801. Três anos depois, foi deslocado para Caen, na Normandia, para inspirar jovens artistas locais.
Desde então, o "Sposalizio della Vergine" fica nessa cidade do norte francês, tendo sobrevivido inclusive aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, e a Itália só pôde reavê-lo em duas ocasiões. A última delas foi em 2016, em uma exposição em Milão sobre Rafael Sanzio, discípulo de Perugino.
"É certamente a obra mais importante que temos", disse Emmanuelle Delapierre, diretora do Museu de Belas Artes de Caen, que abriga a pintura desde 1970.
Segundo Veruska Picchiarelli, curadora da mostra de Perugino na Itália, o "Sposalizio della Vergine" é a obra religiosa "mais importante" feita pelo artista para Perúgia, sua cidade de adoção. "Perugino é um dos melhores desenhistas de toda a história da arte e foi o pai do classicismo", acrescentou.
Em troca do empréstimo do "Sposalizio della Vergine", a Galeria Nacional da Úmbria vai ceder temporariamente a Caen a "Pietà" de Piero di Cosimo. (ANSA)
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