(ANSA) - A prefeitura de Roma e o governo nacional decidiram nesta quinta-feira (10) manter o Circo Massimo como palco de espetáculos, após a polêmica desencadeada pelo show do rapper Travis Scott sobre se a histórica arena de entretenimento do Império Romano deve receber apresentações.
A decisão foi tomada durante um telefonema entre o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, e o ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, e tenta encerrar as diversas críticas recebidas sobre o mau comportamento do público e o volume da música no concerto do norte-americano no último dia 7 de agosto.
A polêmica foi protagonizada pelo chefe de eventos de Roma, Alessandro Onorato, e a superintendente do parque arqueológico do Coliseu, Alfonsina Russo, que trocaram farpas sobre o acolhimento de eventos em monumentos históricos.
Russo acredita que megaconcertos colocam em risco os patrimônios, enquanto Onorato defende que receber grandes espetáculos é um motivo de orgulho para a cidade. O estopim da tensão entre as partes ocorreu devido à superlotação do local e por causa de uma briga generalizada registrada durante o show.
"O Circo Massimo é um monumento. Não é um estádio, não é uma sala de concertos. Estes shows de rock o colocam em risco, assim como o Palatino que fica ao lado", disse Russo, manifestando a esperança de que a prefeitura "valorize devidamente o Circo Massimo" para "compreender plenamente a sua história e a sua função na Roma antiga".
Apesar de decidir manter o local como palco de apresentações, a prefeitura de Roma reforçou que, "em acordo com o Ministério da Cultura, trabalhará para reforçar o mecanismo de controle das prescrições e sanções".
Além disso, segundo as autoridades locais, uma inspeção foi realizada no monumento e foi verificado que a atuação do rapper não causou danos às estruturas do sítio arqueológico.
De acordo com relatos, durante a reunião também foi decidido que os próximos eventos serão avaliados caso a caso por meio de uma tabela técnica apropriada.
O prefeito da capital italiana, inclusive, pediu para a superintendência criar uma comissão para examinar o possível descumprimento das medidas de segurança durante o show de Scott, já que bombeiros receberam dezenas de ligações para saber se estava ocorrendo um terremoto.
Gualtieri aguarda também os dados do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) para constatar se, de fato, foram registrados tremores devido à música alta.
"Durante o concerto houve vários episódios em que o pico de exaltação dos adeptos foi muito evidente", como já aconteceu "quando a Itália venceu a final da Eurocopa em 2021 ou o Napoli conquistou a liga em 2023", explicou o INGV, que também recebeu inúmeras chamadas de cidadãos assustados.
Travis Scott, que apresentou o seu novo e aguardado álbum "Utopia" para a estreia mundial em Roma, é o último de uma longa lista de artistas que passaram pela maior estrutura de entretenimento da antiguidade nas últimas semanas.
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