Os 14 descendentes vivos do gênio italiano Leonardo Da Vinci, representados pela associação Leonardo Da Vinci Heritage, emitiram um comunicado negando envolvimento em um pedido para que a obra-prima Mona Lisa seja restituída pela França à Itália.
No fim do último mês de abril, o Conselho de Estado da França, mais alto tribunal administrativo do país, começou a analisar um pedido da misteriosa associação International Restitutions.
Na petição, a instituição, que não revelou onde está sediada e nem por quem é composta e comandada, afirmou trabalhar em nome dos "descendentes do herdeiro do pintor".
Em nota, a Leonardo Da Vinci Heritage classificou a solicitação como "absurda": "'La Gioconda' é da França e deve continuar legitimamente no Museu do Louvre".
O texto é assinado por Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato, diretor e presidente da associação de herdeiros. Vezzosi também é diretor do Museo Ideale Leonardo da Vinci, na cidade de Vinci, em Florença, terra natal do mestre.
Eles desmentiram ainda "outras falsas informações divulgadas na mídia, como por exemplo aquela segundo a qual teriam sido exumados ossos com o DNA de um meio-irmão de Leonardo, filho do mesmo pai. É o enésimo caso de fake news que criam confusões, porque se misturam a notícias verdadeiras, como aquelas relacionadas à existência de 14 descendentes documentados".
Da Vinci não deixou filhos, mas pesquisadores divulgaram, em 2021, uma árvore genealógica elencando os descendentes. O também cientista, engenheiro e arquiteto italiano teria tido ao menos 22 meios-irmãos. Em 2016, os pesquisadores também já haviam identificado parentes indiretos, como o célebre cineasta Franco Zeffirelli (1923-2019).
No processo apresentado na França, a International Restitutions disse esperar que a obra-prima fosse "eliminada" do acervo do museu parisiense e que o órgão declare "inexistente" uma decisão do rei Francisco I de se "apropriar" da Mona Lisa.
Sustentando que o soberano francês se valeu de uma lei do século 16 que fazia com que os bens de estrangeiros mortos sem filhos fossem herdados pela coroa, a ação apontou que a prática seria incompatível com as normas atuais.
A versão oficial do Museu do Louvre, porém, informa que o monarca comprou a pintura diretamente de Leonardo em 1518.
Especialistas ouvidos pela AFP avaliaram que a ação tem poucas chances de ser bem-sucedida - a mesma associação já fez pedidos semelhantes sobre outras obras de menos valor histórico, mas nenhum processo foi adiante.
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