(ANSA) - Em um dia cheio de compromissos em Hiroshima, no Japão, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de duas reuniões do G7 - sobre sustentabilidade e outra sobre crises mundiais -, assinou um acordo sobre fome e teve reuniões bilaterais.
No discurso com os líderes da cúpula e dos países convidados, Lula lembrou da última vez que participou de uma reunião do G7 - na Itália, em 2009 - e criticou o neoliberalismo e alguns retrocessos dos últimos anos.
"O ímpeto reformador daquele momento foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo. A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas. Houve retrocessos importantes, como o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio. O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada", disse o mandatário.
Citando que o mundo vive hoje "uma sobreposição de múltiplas crises", como a "pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia", Lula pediu uma "mudança de mentalidade".
"É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram. O sistema financeiro global tem que estar a serviço da produção, do trabalho e do emprego. Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real", pontuou ainda reforçando na crença da Agenda 2030 das Nações Unidas.
O mandatário pediu a reforma do Conselho de Segurança da ONU para que o órgão volte a ter "eficácia, autoridade política e moral" para lidar com conflitos e cobrou que um mundo "mais democrático" é a melhor garantia para a paz e a estabilidade mundial.
Reuniões bilaterais
Lula se reuniu com Macron e Scholz em dois encontros bilaterais separados.
Com o presidente francês, o líder brasileiro informou que ambos debateram "sobre a preservação da Amazônia e caminhos para a construção da paz na Ucrânia".
"Estamos retomando a amizade e parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos", escreveu.
Com o premiê alemão, Lula destacou que ambos já estiveram juntos neste ano - Scholz foi a Brasília pouco após a posse do mandatário - e que no Japão ambos reafirmaram "a retomada das boas relações entre nossos países, com diálogo e cooperação".
Presidente ainda se reuniu com o anfitrião, Fumio Kishida, com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, e com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
Acordo fome
Ainda neste sábado, Lula foi um dos signatários de uma declaração conjunta do G7 com propostas para garantir a segurança alimentar no mundo.
O texto, chamado de "Declaração de Ações para Segurança Alimentar Resiliente de Hiroshima" foca na garantia de políticas para erradicar a fome no mundo, por meio do fornecimento de alimentos, nutrientes, convenientes e seguros e com processos agrícolas resilientes, sustentáveis e inclusivas.
Ao todo, além dos chefes dos sete governos do grupo, 14 países firmaram o documento.
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