A apresentação de um cronograma para a integração política, comercial e monetária sul-americana. Essa é a proposta destacada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, aos líderes de 11 países que aceitaram seu convite para participar de uma cúpula a portas fechadas no Palácio do Planalto.
"Acredito ser essencial a criação de um grupo de alto nível que, com base no que discutimos hoje, terá 120 dias para apresentar um mapa para a integração da América do Sul", disse Lula no discurso de abertura do encontro, a única parte com transmissão ao vivo.
Ao todo, estavam presentes os chefes de Estado de 10 países (entre os quais, o argentino Alberto Fernández, o chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro e o venezuelano Nicolás Maduro) e o chefe de governo do Peru.
No centro do projeto de integração, para Lula, deve estar a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), órgão que estava no auge em seu primeiro governo, quando na região haviam presidentes como Hugo Chávez, na Venezuela, Nestor Kirchner, na Argentina, Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador.
A da Unasul não é uma proposta ideológica, mas sim pragmática, que depende da existência de uma estrutura institucional pré-existente útil para a realização do projeto.
"Quando foi instituída há exatamente 15 anos, no Palácio do Itamaraty, a Unasul foi dotada de instâncias como o encontro dos presidentes, o conselho de ministros das Relações Exteriores, o Congresso sul-americano", acrescentou.
A cúpula representa para Lula o primeiro teste para a ambição de assumir uma liderança regional caracterizada pelo pragmatismo e não por ideologias. A controversa presença de Maduro, em Brasília, ao lado de outros líderes sul-americanos de sinal político oposto representa, nesse sentido, um fato inédito e de sucesso de Lula.
O projeto regionalista de Lula também surge, de outro lado, uma nova indicação das dificuldades que enfrenta o processo de aprovação do acordo de livre comércio UE-Mercosul. "A nossa região tem recursos sólidos para enfrentar esse mundo em transição. O PIB combinado de nossos países representa a quinta economia mundial e, com uma população de quase 450 milhões de habitantes, somos um importante mercado de consumo", afirmou Lula.
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