As guerras ameaçam o crescimento e agitam o encontro econômico do G7/G20 em São Paulo, enquanto os líderes, embora expressem unanimidade quanto ao uso dos ativos russos congelados no Ocidente em favor da Ucrânia, concordam sobre a necessidade de agir apenas com base em fundamentos legais sólidos.
Há um consenso geral sobre o objetivo. Isso emergiu na reunião dos ministros das Finanças do G7, no contexto do G20 sob a presidência brasileira, da qual também participou remotamente o ministro das Finanças ucraniano, Serhiy Marchenko, presidida pelo titular da Economia, Giancarlo Giorgetti, juntamente com o governador do Banco da Itália, Fabio Panetta.
No entanto, na mesma medida - alertam fontes bem informadas - houve concordância sobre a necessidade de "dotar a iniciativa de uma sólida base legal conforme o direito internacional".
E embora a presidente do Poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, já tenha proposto o uso dos fundos para a compra de equipamentos para Kiev, na reunião em São Paulo decidiu-se prosseguir com um trabalho técnico, com grande atenção e cautela.
"Atualmente não há base legal para o confisco dos ativos russos congelados", que valem cerca de US$ 300 bilhões. "Ainda temos que trabalhar e agir dentro do quadro legal internacional e do Estado de Direito", insistiu o ministro francês, Bruno Le Maire.
Uma posição semelhante foi expressa pelo alemão Christian Lindner, que, no entanto, - em termos técnicos - em sua conta do X (antigo Twitter), abriu para a possibilidade do uso "dos lucros dos bens russos", que ele chamou de "um passo realista, legalmente seguro, que poderia ser implementado a curto prazo".
Por outro lado, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, ao relançar a hipótese ontem (27), havia destacado a importância de examinar detalhadamente os vários aspectos da questão e agir dentro do quadro do G7, com o acordo de todos.
Um tema que Yellen aprofundou em uma reunião bilateral com Giorgetti, abordando também a questão da interrupção republicana dos fundos para a Ucrânia, depois que, pela manhã, o comissário da UE, Paolo Gentiloni, alertou para a importância de "todos os parceiros do G7 fazerem sua parte" no financiamento (referindo-se exatamente aos EUA), "porque a urgência da situação não pode ser subestimada".
Na reunião do G7, também se discutiu a situação no Oriente Médio e a crise no Mar Vermelho em termos de crescimento, agora um grande desafio principalmente para a Europa, que está atrás dos Estados Unidos.
Todas as tensões que, segundo Panetta, "trazem o risco de fragmentação do comércio e das finanças", enquanto Giorgetti definiu a relação entre o G7 e o G20 como um "empurra e puxa" entre aqueles que são ricos e desejam continuar sendo sem concessões, e aqueles que, por outro lado, não têm essa riqueza. Um "empurra e puxa" que "mais cedo ou mais tarde" poderia levar a uma “outra ordem mundial”.
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