A SACE, agência de fomento a exportações do governo da Itália, está estudando 1,1 bilhão de euros (R$ 5,8 bilhões) em projetos de desenvolvimento e transição verde no Brasil, de olho em um dos mercados mais promissores para as empresas italianas, incluindo PMEs, que queiram percorrer o caminho da sustentabilidade.
Os recursos serão destinados a setores que vão da tecnologia à energia renovável e ao hidrogênio verde, passando pela exploração de matérias-primas raras, como nióbio e lítio, mas sem deixar de lado áreas tradicionais para o "made in Italy" no Brasil, como alimentos e bebidas, siderurgia, metalurgia e outros segmentos manufatureiros.
"O Brasil é um mercado importante para a SACE e sobretudo para as empresas italianas. Existem grandes oportunidades de investimento em uma série de setores", disse à ANSA Alessandra Ricci, Chief Executive Officer da agência de fomento, citando os planos do país sul-americano de zerar as emissões de carbono até 2050.
Ricci participou de um evento em São Paulo que reuniu executivos da SACE e de empresas brasileiras para discutir as oportunidades "verdes" que se apresentam na maior economia da América Latina.
A iniciativa acontece no âmbito do programa Push Strategy, que busca unir compradores de um país com empresas exportadoras da Itália e agora conta com um braço de estímulo à sustentabilidade, o Green Push, que "tem o objetivo muito importante de assegurar a transição verde", segundo Michal Ron, Chief International Business Officer da SACE. "É um modelo único no mundo das agências de crédito para exportações. Esperamos ser copiados no futuro", reforçou.
As exportações italianas ao Brasil já alcançaram em 2022 um valor recorde de 5,1 bilhões de euros, alta de 11,3% sobre 2021, e a SACE prevê expansões de 7,2% em 2023 e 4,5% em 2024. "Mas não estamos satisfeitos, queremos mais, mais e mais", garantiu Ricci, que coloca o país como "o objetivo" da agência nas Américas.
Dos projetos em estudo no Brasil, a SACE espera "poder concluir alguns nos próximos um ou dois anos", de acordo com a Head of Americas Pauline Sebok. Uma das operações já fechadas é a garantia para um financiamento de 300 milhões de euros para a gigante brasileira de etanol Raízen.
"Desenvolvemos uma operação de 12 anos de prazo e agora temos a obrigação de honrar a confiança que a SACE está depositando no nosso programa para descarbonização e de fazer com que a SACE possa acreditar em mais empresas brasileiras. Nosso pioneirismo nos impõe uma responsabilidade maior", declarou Carlos Moura, Chief Financial Officer da empresa de energia.
Já o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Domenico Fornara, destacou que a agência de fomento está desenvolvendo uma "ação importantíssima no Brasil, em um momento em que as economias italiana e brasileira têm um grande grau de complementaridade".
"E há margens de crescimento muito importantes, é o momento de investir, fazer sistema e trabalhar bem com as autoridades brasileiras", acrescentou. (ANSA)
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