O Exército de Israel libertou nesta segunda-feira (1º) dezenas de presos palestinos, incluindo o diretor do maior hospital da Faixa de Gaza, decisão criticada tanto pela maioria como pela oposição do governo.
Mohamed Abu Salmiya, que foi detido em novembro enquanto saía do Hospital Al-Shifa como parte de um comboio da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi transferido com o grupo para centros médicos no território.
Fontes palestinas informaram que o diretor do hospital foi solto junto com aproximadamente 55 outros prisioneiros palestinos capturados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) depois de 7 de outubro, no início da guerra.
Pouco tempo depois, o gabinete do ministro da Defesa, Yoav Gallant, disse não ter conhecimento prévio da libertação de Abu Salmiya, após a maioria dos ministros do governo criticarem duramente a decisão e pedirem esclarecimentos sobre o caso.
De acordo com capturas de tela de um grupo de WhatsApp dos ministros obtidas pelo jornal Haaretz, o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escreveu que "é hora de mandar o chefe do Shin Bet para casa. Ele faz o que quer e Gallant o apoia totalmente. Ambos não fazem conta dos cuidados do governo".
Já o ministro de Assuntos da Diáspora de Israel, Amichai Chikli, também perguntou se era possível "obter uma explicação sobre a razão pela qual este homem, em cujo hospital os nossos reféns foram assassinados e onde funcionava a sede do Hamas, foi libertado".
O líder da oposição de Israel, Yair Lapid, também atacou a decisão, enfatizando que "o desastre com a libertação do diretor do hospital é uma continuação direta da ilegalidade e da disfunção que caracteriza o governo e que coloca em risco a segurança dos cidadãos israelenses".
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou a abertura de uma investigação imediata sobre a libertação - juntamente com outros detidos palestinos - de Abu Salmiya.
O gabinete do premiê afirmou que "a escolha de libertar os detidos foi feita na sequência de argumentos do Supremo Tribunal contra a detenção no centro de Sde Teiman". Além disso, explicou que "a identidade dos libertados é determinada de forma independente pelas forças de segurança com base em avaliações profissionais".
Em entrevista coletiva, o diretor do hospital Al-Shifa de Gaza contou que "muitos prisioneiros foram martirizados em celas de interrogatório" e "médicos e enfermeiras israelenses espancaram e torturaram prisioneiros palestinos e trataram os corpos dos prisioneiros como se eles fossem objetos inanimados".
"Cada prisioneiro perdeu cerca de 30 quilos entre a negação de comida e a tortura", disse ele, segundo a Al Jazeera, acrescentando que os detidos "eram atacados quase todos os dias". "Não nos encontramos com advogados, nem nenhuma instituição internacional nos visitou".
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