O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez neste domingo (30) seu primeiro discurso após a vitória nas eleições de 2022 e afirmou que o Brasil precisa "reconstruir sua alma" para superar o ódio dos anos de bolsonarismo.
Sem citar o presidente Jair Bolsonaro nominalmente em nenhum momento, o petista disse ter enfrentado "a máquina do Estado brasileiro, colocada a serviço do candidato da situação".
"Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressureição na política brasileira porque tentaram me enterrar vivo e eu estou aqui. Estou aqui para governar este país em uma situação muito difícil, mas vamos encontrar uma saída para que este país volte a viver democraticamente e harmonicamente", declarou Lula, que estava ao lado de sua esposa, Janja, e de membros de sua campanha em um hotel em São Paulo.
Em seu discurso, o presidente eleito prometeu fazer a "roda da economia voltar a girar, com os pobres como parte do orçamento". "Meus amigos e minhas amigas, a partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim", acrescentou.
Segundo Lula, "não existem dois Brasis". "Não interessa a ninguém viver em uma família onde reina a discórdia. É hora de refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio. Esse povo não quer mais brigar, é hora de abaixar as armas que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam, e nós escolhemos a vida. É preciso reconstruir a alma deste país", ressaltou.
O petista ainda afirmou que sua prioridade será "acabar com a fome outra vez" e prometeu reaproximar o Brasil da comunidade internacional, promovendo parcerias e um comércio global "mais justo". "O Brasil está de volta, o Brasil é grande demais para ser relegado a esse papel de pária do mundo", disse.
Lula também criticou "acordos comerciais que condenam nosso país a ser um eterno exportador de commodities e matéria-prima", em uma possível referência velada ao tratado entre União Europeia e Mercosul. Além disso, garantiu que lutará pelo "desmatamento zero" na Amazônia e que tem "compromisso com os povos indígenas". "Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça", salientou.
O presidente eleito também citou o papa Francisco, que recentemente pediu que o povo brasileiro ficasse livre "do ódio, da intolerância e da violência". "Quero dizer que desejamos o mesmo, vamos trabalhar para que a verdade vença a mentira e para que a esperança seja maior que o medo", afirmou.
Lula encerrou seu discurso em São Paulo com um apelo contra a fome e as desigualdades. "Combater a miséria é a razão pela qual vou viver até o fim da minha vida", concluiu. (ANSA)
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