(ANSA) - A deputada federal eleita por São Paulo, Sônia Guajajara (PSOL), e a irmã da vereadora assassinada do Rio de Janeiro Marielle Franco, Anielle Franco, tomaram posse nesta quarta-feira (11) como ministras dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial, respectivamente.
As cerimônias, que seriam separadas, estavam programadas para serem realizadas na última segunda-feira (9), mas por conta da destruição causada por atos golpistas no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 8, haviam sido adiadas.
As posses dessa quarta foram realizadas no Planalto e contaram com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin, e a ex-mandatária Dilma Rousseff, além de outros ministros já empossados, como Marina Silva, do Meio Ambiente, e de representantes de vários povos indígenas.
"Represento povos que resistem há mais de 500 anos e resistem a ataques tão violentos e chocantes como o que vimos nesse domingo em Brasília. Estamos aqui de pé para mostrar que nós não iremos nos render. Ao lado de Anielle Franco, essa posse é o mais legítimo símbolo da resistência secular preta e indígena do Brasil", disse Guajajara.
A ministra ainda acrescentou que "destruir o Palácio do Planalto não vai destruir a nossa democracia". "Nós nunca mais vamos permitir um outro golpe em nosso país", disse ainda sob muitos aplausos.
Guajajara ainda agradeceu "as forças ancestrais e o apoio dos povos indígenas" e destacou que o período de "invisibilidade" desses grupos chegou ao fim.
Além disso, acusou o governo de Jair Bolsonaro ter usado a pandemia de Covid-19 para fazer o "genocídio dos povos indígenas" e criticou as políticas adotadas contra esses grupos nos últimos anos - citando as pessoas mortas dos povos indígenas e do indigenista Bruno Pereira. "Nunca mais o Brasil sem nós", acrescentou.
A nova ministra ainda anunciou a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, criado formalmente no governo Dilma.
Anielle Franco
Anielle agradeceu "a todas aquelas que vieram antes de mim e as mulheres negras que seguraram a minha mãe desde 14 de março de 2018 e nunca mais soltaram".
"Agradeço a todos que me ajudaram a fazer a travessia do luto à luta", pontuou ainda lembrou da irmã.
"Tenho dedicado cada minuto da minha vida à manter a memória e a semear todos o trabalho da minha irmã. Por isso, criamos o Instituto Marielle Franco. Em meio a uma política de morte, a nossa resposta foi a luta pela vida", acrescentou.
"Depois dos atentados sofridos por essa casa, estamos aqui em sinal de resistência. O fascismo, assim como o racismo, é um mal que precisa ser combatido na nossa sociedade", pontuou ainda.
A nova ministra ainda criticou as "políticas fracassadas" que fazem guerra nas áreas periféricas e pobres e pediu que novas soluções sejam debatidas para resolver essas questões.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA