(ANSA) - O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou à ANSA que apoiará a candidatura de Roma para sediar a Exposição Universal de 2030.
A declaração foi dada em resposta a uma pergunta do correspondente da ANSA em Brasília, ao fim de um café da manhã com a imprensa internacional.
"Já confirmei que apoio Roma. Já afirmei", disse Lula. O presidente havia informado sobre o apoio em uma coletiva de imprensa no dia 22 de junho, em sua viagem à Itália.
Roma disputa o posto de sede da Expo 2030 com Busan, na Coreia do Sul, e Riad, na Arábia Saudita, e o governo italiano vem promovendo uma campanha para divulgar e conquistar apoio à candidatura da "cidade eterna".
Em 21 de junho, o prefeito da capital italiana, Roberto Gualtieri, se reuniu com Lula e agradeceu pelo apoio: "É sinal de uma grande amizade entre nossos países".
Conflito Rússia-Ucrânia
Na mesma agenda, Lula defendeu um processo de paz na guerra da Ucrânia e afirmou que não pensa em dar apoio a nenhum país para continuar o conflito, além de ter expressado diferenças com a União Europeia.
Lula afirmou que, para avançar num processo de paz, o primeiro passo é "não aceitar participar da guerra".
A declaração reforça a negativa do presidente de vender armamentos para uso no conflito - no início de 2023, Lula rejeitou uma proposta da Alemanha para vender munições que seriam usadas pela Ucrânia.
O mandatário disse ainda que lamenta a posição dos países da Europa, que classificou como um continente com uma larga tradição democrática.
Por outro lado, criticou a invasão russa e garantiu que o Brasil participará da cúpula internacional que acontecerá neste fim de semana (5 e 6) na Arábia Saudita.
Lula ainda destacou a importância do diálogo, embora no momento nem a Rússia, nem a Ucrânia tenham mostrado disponibilidade para sentar à mesa de negociações.
Brics
Questionado pelos jornalistas, Lula também defendeu a incorporação da Arábia Saudita ao Brics.
"Eu acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar no Brics. Acho extremamente importante [o ingresso da] Argentina", disse o mandatário, que estava acompanhado do chanceler Mauro Vieira.
Para o presidente, o momento é propício para fortalecer o Brics com a incorporação de mais países, tema que será tratado na próxima reunião do grupo, na África do Sul.
Lula disse aguardar com "muita expectativa" o encontro, em que também deve ser abordada a questão da guerra na Ucrânia.
Ainda sobre o Brics, ele questionou "por que países que representam mais de metade da população mundial" não podem discutir uma moeda para realizar suas operações comerciais, e acrescentou que considera que o banco de desenvolvimento do grupo dos emergentes "tem de ser mais generoso que o Fundo Monetário Internacional".
Desigualdade
No encontro com correspondentes, o presidente brasileiro afirmou que quer ter o apoio dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, para uma campanha global contra a desigualdade, assunto sobre o qual também já falou com o papa Francisco em visita ao Vaticano.
"Quero contar com o companheiro Xi Jinping nessa luta, espero contar com Biden nessa luta. Vou me engajar em uma campanha para tentar indignar a humanidade frente ao problema da desigualdade", destacou.
Lula também disse que pretende falar sobre o tema no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, e incluir a pauta em sua agenda quando assumir a presidência do G20, em dezembro.
Petrobras
O presidente afirmou que o Brasil garante previsibilidade aos investidores estrangeiros e destacou os futuros projetos em infraestrutura e de expansão da Petrobras.
Segundo ele, nesta "nova etapa política", o Brasil vai atrair investidores com base em "credibilidade, previsibilidade e estabilidade política, jurídica, social e financeira".
O mandatário também afirmou que a Petrobras terá todas as suas políticas de desenvolvimento reformadas: "Volta a ser uma empresa não apenas de petróleo, mas de energia, produzindo tudo aquilo que estiver na transição energética para uma economia verde".
Amazônia
Lula também disse que a cúpula dos países amazônicos que será realizada na semana que vem em Belém, no Pará, deverá ser um "marco" no debate global sobre meio ambiente.
"Acho que o mundo precisa olhar para essa reunião como o marco mais importante até hoje para discutir a questão do clima. Já participei de muitas reuniões, muitas vezes é fala, fala, aprovam documentos e não acontece nada", salientou.
O mandatário afirmou que a cúpula, marcada para os dias 8 e 9 de agosto, será a primeira em 45 anos com a presença de oito presidentes dos países da Amazônia, "além de representantes dos dois Congos e da Indonésia".
No evento, serão discutidas políticas comuns para a região, incluindo a segurança nas fronteiras, combate ao crime organizado, proteção da floresta e desenvolvimento sustentável.
Lula, que tem dado importância à diplomacia verde desde seu retorno ao Planalto, em janeiro, assegurou que vai cumprir sua promessa de alcançar o desmatamento zero até o fim da década.
"O Brasil vai cumprir com aquilo que foi prometido, nós vamos chegar ao desmatamento zero em 2030, escrevam e guardem para me cobrar", declarou.
Lula também disse que a cúpula de Belém servirá para preparar um documento a ser apresentado na COP28, marcada para ocorrer em novembro, nos Emirados Árabes, e prometeu que será "duro" contra quem ameaçar a floresta amazônica.
Juros
O encontro com correspondentes também serviu para Lula renovar suas críticas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
"O Brasil tem a inflação caindo e os juros subindo, quando inflação cai os juros não caem. O Brasil tem hoje a maior taxa de juros do mundo", disse.
"Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, ele não está entendendo de Brasil, e não entende de povo. Não sei a quem ele está servindo, aos interesses do Brasil que não é", completou. (ANSA)
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