(ANSA) - Às vésperas de sua próxima edição, a Lucca Comics & Games, principal feira de quadrinhos e cultura pop da Europa, foi parar no centro de uma controvérsia por causa de um patrocínio da embaixada de Israel na Itália.
Realizado na cidade italiana homônima, o evento ocorrerá entre os dias 1º e 5 de novembro.
O movimento começou no sábado (28), quando a seção italiana da Anistia Internacional publicou, no Twitter: "O patrocínio nos faz renunciar à nossa presença. Entendemos que o patrocínio de embaixadas dos países de proveniência dos artistas que fazem a imagem do festival seja praxe consolidada, mas não podemos ignorar que as forças israelenses estão incessantemente assediando e bombardeando a Faixa de Gaza, com imensa perda de civis".
Em resposta, no domingo (29), o vice-premiê e ministro dos Transportes, Matteo Salvini, disse, também no Twitter: "Isso é RACISMO".
"Com seu comentário, Salvini demonstrou não saber o que é racismo. Estranho, porque demonstra ser especialista nesse assunto", treplicou o porta-voz da Anistia, Riccardo Noury, ao portal Today.it.
Zerocalcare, um dos quadrinistas mais populares da Itália, que sempre comparece, também anunciou que não irá à feira.
"Neste momento há dois milhões de pessoas presas em Gaza.
Festejar lá representa um curto-circuito que não consigo administrar. Lamento pela editora, pelos leitores e leitoras e também por mim mesmo", disse.
Fumettibrutti, nome artístico da quadrinista Josephine Yole Signorelli, também confirmou sua ausência. "Sobre isso, não conseguiria dormir à noite. Peço desculpas porque não conseguiremos dar as mãos e nos abraçar, mas tenho certeza de que faremos isso sempre, em outros lugares", lamentou.
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