(ANSA) - O pai da italiana Ilaria Salis, militante antifascista acusada de agressão contra ativistas de extrema-direita e detida em Budapeste, criticou o governo de Giorgia Meloni por falta de apoio na tentativa de amenizar a situação da filha na Hungria.
A declaração foi dada pelo italiano Roberto Salis após ele deixar o Ministério da Justiça, em Roma, depois de reuniões com os ministros das Relações Exteriores e da Justiça, Antonio Tajani e Carlo Nordio, respectivamente.
"Foi muito pior do que esperávamos, não vemos nenhuma ação que possa amenizar a situação da minha filha. Pedimos duas coisas, prisão domiciliar na Itália ou, alternativamente, na embaixada italiana na Hungria e ambas foram negadas", lamentou.
Ilaria, que supostamente atacou dois neonazistas em fevereiro passado, foi levada a uma audiência no último dia 29 de janeiro acorrentada pelas mãos, pés e cintura, em imagens que chocaram a Europa.
O pai da professora milanesa, que pode ser condenada até 24 anos de prisão, disse acreditar que sua filha continuará presa por muito tempo e ainda a verá acorrentada nos julgamentos.
"O Estado italiano não pretende fazer nada, tudo depende do juiz húngaro, e acredita que não quer fornecer documentos que solicitamos para facilitar o trabalho dos nosso advogados, porque dizem que seria irregular e que pode criar precedentes", acrescentou.
Para Salis, é preciso "tentar fazer alguma coisa", porque "naquela prisão você também pode morrer". "Dizem-me que há 2,5 mil italianos nesta situação e que não se pode tomar medidas preferenciais. Mas se deixarmos todos lá, seremos um Estado que defende os seus cidadãos?", questionou.
Segundo ele, "é um absurdo que este tipo de situação aconteça na pele dos cidadãos italianos sem quem possa fazer alguma coisa".
Por sua vez, os ministros italianos destacaram que os princípios da soberania jurisdicional de um Estado impedem qualquer interferência na condução do julgamento e na alteração do estatuto de liberdade do suspeito.
Tajani e Nordio apresentaram ainda as razões jurídicas e factuais pelas quais o pedido de substituição da medida cautelar na embaixada italiana não é possível. Em particular, o ministro da Justiça considerou que uma troca de cartas entre um ministério italiano e um órgão judicial estrangeiro seria irregular e inadmissível.
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