Um deputado de oposição apresentou um questionamento ao governo da premiê da Itália, Giorgia Meloni, sobre supostas pressões recebidas pela boxeadora Angela Carini para não lutar contra a hiperandrógina Imane Khelif nas Olimpíadas de Paris.
A iniciativa chega após o presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni), Giovanni Malagò, ter dito em uma entrevista que Carini mostrou mensagens em que era pressionada pela Associação Internacional de Boxe (IBA), entidade que havia excluído de Khelif de um mundial no ano passado em função de um nunca bem explicado teste de elegibilidade, antes do combate.
"Os ministros que se expressaram nos últimos dias sabiam desse fato? Agiram por excesso de torcida ou por outro motivo preocupante?", questionou o deputado Mauro Berruto, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.
Após o sorteio que colocou Carini e Khelif frente a frente nas oitavas de final da categoria até 66 quilos, diversos ministros do governo italiano criticaram a luta e colocaram em dúvida o fato de a argelina ser mulher.
O vice-premiê e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini, chegou a chamar Khelif de "homem", enquanto a própria Meloni disse que o combate não se daria entre "iguais". Carini acabou desistindo da luta em menos de um minuto, após ter levado um soco no nariz.
No entanto, o episódio desencadeou uma onda de ataques a Khelif por parte da extrema direita global, inclusive com o endosso do bilionário Elon Musk e da escritora J.K. Rowling, autora de "Harry Potter".
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, veio a público e assegurou que a argelina é mulher e tem direito de disputar as Olimpíadas na categoria feminina.
Khelif brigará pelo ouro na próxima sexta-feira (9), contra a chinesa Yang Liu. "Estou concentrada nas lutas, o resto não tem importância. O importante é estar na final", disse a argelina. (ANSA)
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