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UE tem 'dever moral' de evitar tragédias com migrantes, diz Meloni

UE tem 'dever moral' de evitar tragédias com migrantes, diz Meloni

Premiê italiana enviou carta ao bloco cobrando medidas

ROMA, 01 março 2023, 14:22

Redação ANSA

ANSACheck

Ao menos 67 pessoas morreram no naufrágio do último domingo na Itália - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, enviou uma carta para a União Europeia em que afirma que o bloco tem o "dever moral" de evitar novas tragédias com migrantes, como a que foi registrada em Cutro no último domingo (26), e que é preciso agir politicamente sobre o tema de maneira incisiva.

No incidente na costa italiana, 67 pessoas morreram e estima-se que cerca de 100 ainda podem estar desaparecidas. Outras 80 foram salvas.

"O naufrágio ocorrido nos últimos dias a poucos metros do litoral de Crotone, no qual morreram dezenas de pessoas, incluindo muitas crianças, atingiu a todos nós. Não se trata, infelizmente, de um caso isolado. Na Itália, há muitos anos choramos tragédias como essa do último domingo. [...] É nosso dever, moral antes que político, fazer de tudo para evitar que desgraças como essa se repitam", disse Meloni.

A líder do Executivo italiano afirmou que, no último Conselho Europeu, realizado em fevereiro, "identificamos algumas medidas que que vão na direção certa, mas o fator tempo é decisivo".

"É fundamental e urgente adotar rapidamente iniciativas concretas, fortes e inovadoras para combater e retirar o incentivo para as saídas ilegais, recorrendo também a urgentes envios financeiros extraordinários para os países de origem e trânsito até que colaborem ativamente", acrescentou.

Meloni ainda pontuou que "é fundamental distinguir o acolhimento dos deslocados e refugiados das políticas migratórias de quem, compreensivelmente, pede para vir à Europa por razões econômicas" e voltou a pedir que a "Itália não seja deixada sozinha" nos debates sobre isso.

"Refuto a ideia que nada possa ser feito e que a Europa deva aceitar cuidar só de quem consegue se aproximar de nossas costas ou de nossas fronteiras depois de ter confiado a própria vida e aquela dos próprios filhos para traficantes sem escrúpulos, pagos generosamente para fazer as viagens dos desesperados", acrescentou.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, confirmou o recebimento da carta italiana por meio de seu porta-voz, Barend Leyts, e confirmou que o tema será debatido no próximo encontro dos líderes do bloco, agendado para 23 e 24 de março.

Frontex

A carta de Meloni surge em um momento também de tensão entre o governo da Itália e a agência da União Europeia para controle de fronteiras, Frontex, que trocam acusações sobre a embarcação superlotada que naufragou em Cutro.

Em novas informações divulgadas nesta quarta-feira, o e-mail enviado pela Frontex às 23:03 do sábado (25) apontava o avistamento do barco "com possíveis outras pessoas sob cobertura", mas que tinha uma "boa flutuabilidade" naquele momento.

"A bordo, era apenas visível uma pessoa. A embarcação navegava sozinha e não haviam sinais de perigo, tinha uma boa flutuabilidade. Há uma significativa resposta térmica das portas abertas (revelada por uma câmera térmica a bordo do avião). Esse fato e outros indicadores causaram suspeição nos especialistas da Frontex. Mesmo que só uma pessoa a bordo fosse vista, de fato, havia uma parte submersa significativa, que indicava que muitas pessoas estavam sob a ponte", informou a Frontex nesta quarta.

A agência ainda pontuou que cabe "aos Estados" determinar as ações mais incisivas nesses casos.

Por sua vez, o ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, afirmou a parlamentares que essa notificação da agência europeia não deu nenhum alerta de risco para os italianos.

"O avião da Frontex que identificou a embarcação depois das 22h do dia 25 de fevereiro, a 40 milhas náuticas da Itália, não tinha informado sobre uma situação de perigo ou estresse a bordo, evidenciando a presença de uma pessoa desprotegida e outras sob proteção e uma boa flutuabilidade. Mas, depois, houve uma piora nas condições meteorológicas", afirmou o titular da pasta.
   

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