Com mais de 30 milhões de ítalo-descendentes entre seus habitantes, o Brasil é um mercado "extremamente interessante" para o setor de turismo na Itália, que se prepara para um ano inteiramente dedicado a promover viagens de redescoberta das origens familiares.
É o que diz a CEO da Agência Nacional de Turismo da Itália (Enit), Ivana Jelinic, em entrevista à ANSA durante uma visita a São Paulo, tida por muitos como a maior cidade "italiana" no mundo.
"Para nós, esse é um mercado importante por causa da elevada capacidade de despesa do mercado brasileiro e pela tendência de estadias médias e longas", declarou Jelinic, que chefia a Enit desde o fim de novembro.
Segundo ela, os brasileiros fazem, em média, viagens de 15 a 20 dias, nas quais a Itália é frequentemente inserida em um circuito por outros países europeus, como Portugal, Espanha e França. "A Itália é um destino que os brasileiros amam muito. Existem muitas afinidades de caráter cultural e enogastronômico entre os dois países. Para nós, é um mercado extremamente interessante", acrescentou.
Até 2019, antes da pandemia de Covid-19, cerca de 1,2 milhão de turistas entravam com passaporte brasileiro na Itália a cada ano (os que viajam com o passaporte italiano não entram na estatística), mas, de acordo com Jelinic, "existe ainda um grande espaço para crescer".
Sua visita acontece cerca de três semanas antes da WTM Latin America, principal feira de turismo da América Latina e que ocorre de 3 a 5 de abril, em São Paulo, com a presença de um estande da Enit.
A agência já está de olho em 2024, quando a Itália promoverá o "Ano do Turismo de Raízes", projeto que mira incentivar a redescoberta das origens pelos ítalo-descendentes e promover destinos menos visitados. "O turismo de raízes tem essa característica de ser muito evocativo porque remete à própria história pessoal, tornando-se um motivo a mais para descobrir locais onde normalmente não se iria", ressaltou Jelinic.
A Enit prepara uma série de atividades especiais com o restante do Sistema Itália e que devem começar já a partir do segundo semestre de 2023. Um dos objetivos é aproximar operadores brasileiros e italianos para que o setor privado se sinta encorajado a criar produtos voltados ao turismo de raízes.
"Existe uma valorização dos territórios na Itália, mas isso se concretiza apenas se as pessoas tiverem ofertas de oportunidades de viagem que remetam a esse tema, e só o setor privado pode fazer isso", explicou a CEO. (ANSA)
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