Ruben Vardanyan, ex-primeiro-ministro dos separatistas de Nagorno-Karabakh, foi preso pela guarda de fronteira do Azerbaijão ao tentar chegar à Armênia.
Ele estava com dezenas de milhares de residentes do enclave, que fugiram temendo possíveis represálias das forças de Baku, que na semana passada tomaram controle após mais de 30 anos de conflitos, resultando em um cenário de carnificinas e ódio profundo.
A mulher de Vardanyan, Zonabend, pediu a todos orações e apoio para a libertação do marido, que foi transferido para Baku e entregue a "agências governamentais" não especificadas que deverão decidir sobre seu futuro.
Nos últimos dias, o presidente azeri, Ilham Aliyev, tentou acalmar as preocupações da comunidade internacional sobre uma possível limpeza étnica, prometendo uma integração pacífica da população no Azerbaijão.
Ao mesmo tempo, porém, Aliyev anunciou que alguns "elementos do regime criminoso", referindo-se ao governo separatista, seriam "levados à justiça", incluindo Vardanyan.
O bilionário russo-armênio, fundador da Troika Dialog em 1991, a primeira corretora financeira da Rússia, e ex-presidente da Escola de Administração Skolkovo de Moscou, renunciou à cidadania russa e mudou-se para Nagorno-Karabakh há um ano, onde foi primeiro-ministro de novembro de 2022 a fevereiro deste ano.
Os civis de Nagorno-Karabakh também se sentem em perigo, com 50 mil dos 120 mil armênios já tendo fugido para a Armênia através da tortuosa estrada de montanha de 77 quilômetros que leva à fronteira.
Quanto ao saldo das últimas violências, as autoridades de Baku relataram 192 soldados mortos e 500 feridos durante o ataque entre 19 e 20 de setembro, enquanto os armênios em Karabakh lamentaram cerca de 200 mortes.
A causa da explosão em um depósito de combustível dois dias atrás permanece desconhecida, tendo resultado em pelo menos 68 mortos e 300 feridos, com 105 pessoas desaparecidas.
A Rússia, que mantém cerca de 2 mil soldados de paz no Nagorno-Karabakh, foi acusada por Erevan de não ter conseguido impedir a ofensiva azeri.
Alguns observadores acreditam que a guerra na Ucrânia distraiu Moscou do que está acontecendo no Cáucaso, onde Turquia, Estados Unidos e Irã competem para impor sua influência.
Ancara, anteriormente aliada do Azerbaijão, está ganhando posição de vantagem.
Na segunda-feira, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan encontrou-se com Aliyev no enclave azeri de Nakhichevan, em território armênio, na fronteira com a Turquia.
Os dois líderes não escondem o sonho de criar uma ligação terrestre através do território armênio, o chamado Corredor de Zangezur, para unir Nakhichevan - e, portanto, a Turquia - ao Azerbaijão, o que daria a Ancara uma projeção até o Mar Cáspio.
O projeto removeria a fronteira da Armênia com o Irã, seu aliado histórico, que observa essa perspectiva com preocupação.
Um editorial no jornal Jomhoury Eslami (República Islâmica, em português), próximo às autoridades iranianas, advertiu que se Aliyev pretende ultrapassar a "linha vermelha", "deve esperar uma reação decidida".
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