(ANSA) - As ambições empresariais do narcotraficante italiano Raffaele Imperiale na Austrália chegaram ao fim em janeiro de 2021, com o surpreendente desaparecimento de uma carga de cocaína de 600 kg.
A revelação foi feita por ele mesmo nesta quinta-feira (28), em depoimento ao procurador substituto Maurizio De Marco, no Tribunal de Nápoles.
Conectado da prisão onde está detido como informante, o narcotraficante explicou que vender cocaína na Austrália é particularmente lucrativo.
Em resumo, diante de um investimento de cerca de sete ou oito milhões de euros, seria possível direcionar um total de até 90 milhões de euros para os cofres da organização.
Os volumosos carregamentos de drogas, segundo o traficante que já entregou às autoridades duas valiosas pinturas de Vincent Van Gogh e recentemente até uma ilha em Dubai, eram sempre realizados em colaboração com outros "colegas" para melhor amortizar possíveis perdas, como ocorreu com o carregamento enviado para a Austrália no início de 2021.
Imperiale explicou aos presentes que, para quem movimenta cerca de uma dezena de toneladas de cocaína por ano, é normal perder algumas.
Raffaele Imperial relatou que o empresário Giovanni Fontana, ex-presidente do clube de futebol Villa Literno, organizou a expedição para a Austrália, recebendo, como compensação, 500 mil euros.
No entanto, essa expedição nunca chegou ao destino: de acordo com o narcotraficante, que não considera o empresário responsável pelo desaparecimento, a cocaína teria desaparecido em Nápoles ou em Gioia Tauro, onde o navio utilizado fez escala a caminho de Sidney.
O criminoso, hoje com 49 anos, foi preso em agosto de 2021 nos Emirados Árabes Unidos e extraditado para a Itália em março de 2022.
Imperiale era considerado o segundo foragido mais procurado e estava entre os bandidos "mais perigosos" da Direção Central da Polícia Criminal.
Ele passou seis anos foragido e pertencia ao pertence ao clã Amato-Pagana da Camorra Napolitana, sendo considerado um dos principais chefes.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA