(ANSA) - A polícia italiana anunciou nesta sexta-feira (19) ter usado uma técnica de Inteligência Artificial (IA) para reconstruir a identidade de Giovanni Motisi, considerado o último grande fugitivo da máfia.
De acordo com as novas imagens, alteradas com a técnica de progressão de idade aplicada a fotos antigas dos anos 1980 e 1990 encontradas em sua residência, o criminoso italiano possui estrutura física robusta, leve sorriso como em uma foto de grupo e cabelos grisalhos.
Para torná-lo um perfil "identificável, a polícia fez uma tentativa em seu laboratório científico de reconstruir a aparência do fugitivo com o apoio da IA.
Este foi o mesmo procedimento utilizado para criar o retrato falado de Matteo Messina Denaro, morto em setembro passado, e consiste no envelhecimento fisionômico progressivo do sujeito e no tratamento de alguns perfis antropométricos que caracterizam o círculo familiar.
A divulgação da imagem atualizada de Motisi, chamado "U Pacchiuni" ("O Gordo"), procurado desde 1998, foi decidida para fechar o círculo em torno do "patrão", que tem 65 anos e está na lista de fugitivos "mais perigosos" do programa de busca especial do Ministério do Interior da Itália.
Sua história criminal na hierarquia da máfia Cosa Nostra incluía um dos crimes mais graves dos anos de chumbo: o assassinato, em 6 de agosto de 1985, do vice-comissário Ninni Cassarà, chefe da seção de investigação da brigada móvel, um dos investigadores mais apreciados pelo magistrado Giovanni Falcone.
Naquele dia, o agente Roberto Antiochia, que havia adiado suas férias para participar da investigação do assassinato do comissário Beppe Montana, em 28 de julho de 1985, também foi assassinado.
Precisamente para coordenar a investigação da morte de seu colega, Cassarà não havia retornado para casa há vários dias e por isso a suspeita é de que uma fonte interna tenha informado o grupo de bombeiros estacionado em frente à casa do vice-comissário.
No comando da operação também estava Motisi, que, segundo o informante Francesco Paolo Anzelmo, participou das reuniões preparatórias convocadas por Totò Riina. No grupo ainda estavam Salvatore Biondino, o motorista de Riina, e Salvatore Biondo, conhecido como "o baixinho".
Para cobrir os assassinos, Calogero Ganci, Nino Madonia e Francesco Paolo Anzelmo, que mais tarde se tornou colaborador da justiça, estavam estacionados nas escadas do edifício em frente.
Com essa emboscada, Motisi obteve uma "promoção" por méritos criminais especiais e tornou-se então o chefe da "famiglia" Pagliarelli, função que, aliás, seu tio Matteo ocupava há muitos anos.
No entanto, segundo informantes, esse cargo foi revogado por ordem do patrão Nino Rotolo, por ser suspeito de gestão desordenada do tesouro da "famiglia". Nenhuma outra medida punitiva foi tomada. Apesar desse histórico, que poderia ter feito com que ele perdesse alguns cargos, Motisi permaneceu na lista dos criminosos mais procurados do país.
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