A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 11 pessoas no âmbito do inquérito sobre a venda clandestina de joias recebidas de presente de governos árabes durante seu mandato.
Já inelegível até 2030 por abuso de poder político nas eleições de 2022, Bolsonaro agora é acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos, delitos que, somados, podem render uma pena de mais de 20 anos de cadeia.
Entre os outros indiciados estão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o pai do militar, Mauro Cesar Lourena Cid; os ex-ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Fabio Wajngarten (Secretaria de Comunicação Social); e o advogado Frederick Wassef.
A apuração diz respeito a quatro conjuntos de presentes de luxo dados pelos governos da Arábia Saudita e do Bahrein à gestão Bolsonaro entre 2019 e 2021, incluindo relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, anel, caneta, abotoaduras e rosários islâmicos, entre outros.
A acusação aponta que Bolsonaro e os outros indiciados teriam tentado se apropriar desses bens, que tinham de ser entregues ao acervo presidencial, e vendê-los para embolsar os valores obtidos.
Alguns desses itens chegaram a ser negociados nos Estados Unidos, como o Rolex de ouro branco, vendido pelo equivalente a cerca de R$ 300 mil em uma loja na Pensilvânia, em junho de 2022. No ano seguinte, após a revelação do caso, aliados de Bolsonaro conseguiram recomprar o artigo de luxo para devolvê-lo às autoridades brasileiras.
O relatório da PF será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o enviará à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe a apresentação da denúncia.
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