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Após 1 mês de eleição, Venezuela resiste e pede 'liberdade'

Após 1 mês de eleição, Venezuela resiste e pede 'liberdade'

Advogado da oposição foi preso em Caracas

CARACAS, 28 de agosto de 2024, 17:09

Patrizia Antonini

ANSACheck
Medo da repressão não silenciou os venezuelanos durante as manifestações © ANSA/EPA

Medo da repressão não silenciou os venezuelanos durante as manifestações © ANSA/EPA

"Edmundo presidente" gritam a plenos pulmões, envoltos na bandeira nacional. Entre os venezuelanos que voltaram às ruas em Caracas um mês depois das eleições, muitos são mulheres.
    O medo da repressão, agora confiado ao falcão chavista Diosdado Cabello na última remodelação desejada pelo presidente Nicolás Maduro, não os silenciou.
    Avós, mães, irmãs. As venezuelanas acenam com provas do seu voto. São "as atas", aquelas que a oposição recolheu e colocou online para provar a vitória de Edmundo González, e que o establishment socialista bolivariano, 30 dias depois, ainda não publicou, apesar de ter anunciado e ratificado a reeleição de Maduro.
    O cortejo canta o hino nacional, grita "liberdade", enquanto a líder María Corina Machado, juntamente com González, saindo do esconderijo, atravessam a Avenida Francisco de Miranda em um caminhão, desafiando o risco de prisão.
    "Estamos aqui, apesar do que estamos passando. Sabíamos que seria uma fase difícil. Mas cada um de vocês fala pelos milhares de presos que serão libertados novamente, porque a nossa força é imparável", afirmou María Corina.
    Durante a noite, os serviços de inteligência prenderam o seu advogado e porta-voz da oposição, Perkins Rocha. Não há mais notícias dele, trancado nas masmorras da prisão política de Elicoide.
    "Não houve mandados de prisão contra ele", explica a sua esposa de origem italiana, Costanza Cipriani, que alerta: "Não podemos permitir que o medo nos reduza ao silêncio".
    "Nenhum governo democrático no mundo reconheceu a eleição de Maduro", insiste Machado no pódio improvisado, enquanto em Washington, os membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniram em uma cúpula extraordinária para condenar os crimes contra a humanidade do regime de Maduro.
    Desde 28 de julho, mais de duas mil pessoas foram presas, incluindo 150 adolescentes de 13, 14 e 15 anos sob a acusação de terrorismo. Em muitos casos, crianças são arrancadas das suas famílias no meio da noite. Muitas delas foram transferidas para penitenciárias com presos comuns, a quem Machado agora se recomenda para cuidar delas.
    Colômbia, Brasil e México não participaram da reunião da OEA.
    Uma forma de deixar aberta a porta do diálogo com Caracas, com o objetivo de evitar uma guerra civil. O risco de um conflito para o qual o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, já ofereceu os seus "combatentes sandinistas".
    "O executivo de Maduro desmantelou as instituições democráticas, não respeitou os direitos humanos e estabeleceu um clima de medo", afirma o embaixador dos EUA, Francisco Mora.
    Uma reflexão comum entre os delegados que participam dos trabalhos do organismo multilateral. Para o americano, a decisão da Suprema Corte da semana passada marca "um novo ponto de inflexão".
    Enquanto isso, do outro lado de Caracas, o chavismo convocou um cortejo para celebrar a reeleição de Maduro. Corina e Edmundo, por sua vez, não recuam. "Glória ao bom povo venezuelano" cantam juntos o hino, convencidos de que "a verdade sobre o voto prevalecerá no final".
   

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