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Saiba quem era Yahya Sinwar, o 'açougueiro' de Gaza

Saiba quem era Yahya Sinwar, o 'açougueiro' de Gaza

Líder do Hamas foi morto durante ofensiva de Israel em Rafah

TEL AVIV, 17 de outubro de 2024, 14:09

Redação ANSA

ANSACheck
Yahya Sinwar foi morto durante ataque em Rafah © ANSA/AFP

Yahya Sinwar foi morto durante ataque em Rafah © ANSA/AFP

O líder do Hamas Yahya Sinwar, morto nesta quinta-feira (17) pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) em uma ofensiva em Rafah, era considerado uma espécie de "açougueiro" da Faixa de Gaza.
    "Vocês, europeus, não entendem o Islã, então não podem entender um homem como Yahya Sinwar. Mas desta vez nem mesmo para nós está claro o que ele realmente tinha em mente", explicou um analista israelense à ANSA, que preferiu permanecer anônimo.
    Já o Exército lembrou de uma frase dele: "Vamos derrubar a fronteira com Israel e arrancar o coração de seus corpos".
    No final, o grupo fundamentalista islâmico atingiu sua meta, mas a decisão de entrar em ação no dia 7 de outubro continua a ser um enigma, apesar de os principais especialistas geopolíticos terem identificado que era do interesse do presidente da Rússia, Vladimir Putin, desviar o foco da guerra na Ucrânia para o Oriente Médio, com a ajuda substancial do Irã.
    Sinwar, arquiteto e principal responsável por aquele "sábado trágico", em que mais de 1,2 mil israelenses foram massacrados, foi classificado com vários adjetivos: cruel, carismático, manipulador e influente.
    Este é um conjunto de características explosivas misturadas na mente de um homem que permaneceu em uma prisão israelense durante 22 anos após ter sido condenado a várias penas de perpétua pelo assassinato de três soldados das FDI e de 12 palestinos suspeitos de colaborar com o Estado Judeu.
    O líder do Hama também é bem lembrado pelos agentes do Serviço de Segurança Interna de Israel, o Shin Bet, que o interrogaram no final da década de 1980.
    "Com bravata, ele assumiu a responsabilidade pela punição infligida a um suposto informante. Ele convocou o irmão do homem, um membro do Hamas, e forçou-o a enterrá-lo vivo, jogando terra sobre ele até que ele sufocasse. Este é Yahya Sinwar", contou.
    Em 2006, ele saiu da prisão com outros mil prisioneiros palestinos em troca da libertação do soldado israelense Gilad Shalit, prisioneiro do Hamas em Gaza há mais de cinco anos.
    Sinwar havia usado todos os anos na cela para estudar o inimigo, aprendendo hebraico e lendo todos os livros disponíveis sobre os pais de Israel, de Vladimir Jabotinsky a Menachem Begin, a Yitzhak Rabin.
    Uma vez libertado, declarou na televisão: "Sabemos que Israel tem 200 ogivas nucleares e a força aérea mais avançada da região. Não temos capacidade para desmantelar Israel". Foi um engano.
    Sua meta era "mostrar fraqueza para desviar a atenção de você mesmo e atacar na hora certa. Uma missão que muitos, infelizmente, lhe atribuem ter cumprido".
    Crescendo na área mais abandonada de Gaza, em Khan Younis, Sinwar apareceu no cenário político com seus conselhos locais ao fundador do Hamas, o xeque Ahmed Yassin, que também acabou sendo eliminado por Israel.
    Em 2017, foi eleito líder do grupo para toda Gaza, substituindo Ismail Haniyeh, que, segundo alguns, foi "promovido' a chefe do Hamas no estrangeiro, especificamente no Catar. Depois, Sinwar, conhecido como Abu Ibrahim, foi reeleito em 2021.
    Os seus métodos violentos contra opositores e espiões palestinos contribuíram para torná-lo um líder proeminente, amado e temido pelo seu povo. A inteligência israelense recordou repetidamente a sua alcunha popular em Gaza: "o carniceiro de Khan Yunis", que os próprios membros do Hamas tinham medo.
    A sua ascensão dentro do grupo governante de Gaza baseou-se precisamente em uma reputação de crueldade e violência, que se enraizou entre os mais altos escalões da facção.
    Depois de 7 de outubro, o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, avisou: "Este ataque hediondo foi orquestrado por Yahya Sinwar. Ele e os seus homens já estão mortos".
    Até o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, o chamou de "um morto-vivo", comparando-o a "um pequeno Hitler". Depois de mais de um ano escondido como um fantasma nos túneis de Gaza, essas profecias finalmente se tornaram realidade em Rafah.
   

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