Poucos meses após o pequeno município de Anguillara Veneta, no norte da Itália, conceder a cidadania honorária para o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, moradores da cidade e membros do Partido Europa Verde recorreram à Justiça contra a homenagem.
A informação foi divulgada neste sábado (5) pelo jornalista Jamil Chade, do portal "UOL", que teve acesso ao documento de 23 páginas protocolado no Tribunal de Padova no final de janeiro pelos advogados Donato Lettieri, Lucia Colangelo e Giovanni Colangelo, ligados ao partido Europa Verde.
O grupo apresentou uma ação popular em que pede a anulação da honraria e denuncia a prefeita de direita Alessandra Buoso e oito vereadores que fazem parte de seu governo.
Ainda de acordo com a reportagem, a ação pede que a resolução n.27, com a qual foi concedida a cidadania honorária a Bolsonaro, seja considerada "ilegítima ou nula, pois a identidade e imagem da prefeitura foram lesados após terem sido associadas a expressão de valores conflitantes com os valores históricos, tradicionais e culturais do município de Anguillara Veneta".
Em outubro de 2021, Buoso propôs a homenagem a Bolsonaro justificando a medida pelo fato de um bisavô do presidente ter nascido na cidade. Na ocasião, a ideia recebeu nove votos a favor e três contrários na Câmara Municipal.
De acordo com a prefeita, a cidadania foi "conferida de fato ao presidente, como delegado de um povo e eleito democraticamente pelo povo que ele representa, mas é conferida simbolicamente a toda uma nação".
A sessão da Câmara Municipal para discutir a cidadania honorária havia sido convocada no mesmo dia da leitura do relatório da CPI da Covid no Senado Federal, que pedia o indiciamento de Bolsonaro sob as acusações de epidemia com resultado morte, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, entre outros crimes.
Apesar disso, a cerimônia oficial na Itália ocorreu em 1º de novembro e contou com a presença do presidente brasileiro, enquanto paralelamente chefes de governo de todo o mundo estavam na Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas em Glasgow negociando medidas para o futuro do planeta.
Na época, a presença de Bolsonaro provocou diversos protestos, incluindo a pichação da sede da Prefeitura de Anguillara Veneta, que amanheceu com a frase "Fora Bolsonaro" e vandalizada com esterco por um grupo ambientalista que era contra a homenagem.
Além disso, conselheiros regionais de oposição no Vêneto também pediram a revogação da cidadania honorária. A região é uma das mais ricas da Itália e é governada pelo partido de ultradireita Liga, cujo secretário federal, o ex-ministro do Interior e senador Matteo Salvini, é aliado de Bolsonaro. (ANSA)
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