O ex-promotor da Operação "Mãos Limpas", que revelou um grande esquema de corrupção nos partidos da Itália na década de 1990, Piercamillo Davigo foi indiciado nesta quinta-feira (17) por violação de segredos de ofício em Brescia.
A decisão foi tomada pela Juíza de Audiência Preliminares (GUP) de Brescia, Federica Brugnara, no dia em que se comemora o aniversário de 30 anos do início da famosa investigação "Mãos Limpas".
O ex-procurador será processado por crime de divulgação de segredos por violar o sigilo da súmula no caso sobre a suposta existência de uma associação secreta que condicionava as nomeações para o judiciário e os cargos públicos.
Davigo é acusado de receber do procurador de Milão, Paolo Storari, um arquivo em Word não assinado com o depoimento secreto do advogado Piero Amara, conhecido por fazer a defesa de acusados em grandes processos no país, como Ilva e o Eni-Nigéria.
Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, Amara denunciou à Procuradoria de Brescia uma suposta organização dentro do sistema judicial, identificada como "Grupo Hungria". Esse grupo, que incluía juízes, advogados, políticos e empresários, existiria há cerca de 30 anos e fazia nomeações em cargos importantes.
Na época em que recebeu o documento, Davigo era membro do Conselho Superior de Magistratura (CSM) e teria recebido o material para dar uma "opinião" para Sartori. No entanto, o relatório nunca foi repassado para o CSM de maneira formal e nem para nenhum líder do órgão ou da comissão Antimáfia.
A investigação contra Davigo foi aberta em julho de 2021 porque os depoimentos coletados dos investigados são contraditórios sobre a forma como os dados foram vazados.
Além do longo depoimento de Storari ter indicado a entrega dos documentos para o ex-promotor e não para o CSM, ao menos nove juízes do órgão oficial já foram ouvidos como "pessoas informadas" sobre o caso. A primeira audiência de julgamento está marcada para o próximo dia 20 de abril na primeira seção criminal do Tribunal de Brescia. (ANSA)
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